São Petersburgo

E chegamos na Rússia em agosto de 2019! Foram 4 dias em São Petersburgo (3 dias em Moscou), muita coisa para contar e mostrar, então vou dividir os posts.

A ansiedade para chegar na Rússia era imensa. Um mix de curiosidade com medo e nervosismo, sei lá, todo lugar que vou pela primeira vez me deixa bastante apreensiva, estudo muito antes e às vezes acho que é pior (hehehe) porque se lê tanta coisa ruim, relatos que acabam assustando a gente. Mas, como o meu mantra é: vou sem medo, mas se eu tiver medo, vou mesmo assim. Me joguei!

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Pela janela do carro – St. Petersburgo

Fui para São Petersburgo a partir de Helsinque de trem (Allegro), super tranquilo. A Estação da Finlândia é muito organizada e o serviço de bordo excelente.

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Trem Helsinque – St. Petersburgo

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Porém, a minha maior apreensão era fazer a imigração no trem com os temidos agentes russos. Não tem nada disso! Durante o trajeto dão um formulário para preencher bem simples, com informações básicas (motivo da viagem, duração, etc) depois passa o agente para verificar o passaporte e pronto: mais um carimbo para a conta! Os brasileiros não tem qualquer restrição de entrada na Rússia. A única pergunta que me fizeram e eu estranhei foi se eu tinha vindo da Alemanha. Imagino que deve ser pela questão dos imigrantes.

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A unica coisa chata é guardar a metade do formulário para devolver na saída. E o medo de perder? Deixei guardado no cofre dos hotéis. Tem pessoas que dizem que tem que andar com o passaporte e o formulário porque se algum policial te aborda na rua precisa mostrar. Não concordo, deixei o passaporte e o formulário sempre guardados no hotel, andava com uma cópia do passaporte por segurança, nunca ninguém me pediu.

O clima estava ótimo, temperatura agradável, dias de sol e céu limpo na maior parte do tempo e o que eu mais gosto no verão da Europa, anoitece super tarde, perto das 22:00 horas, uma delícia, o dia rende muito.

Achei São Petersburgo uma cidade muito segura. Bom, para nós brasileiros praticamente qualquer lugar do mundo é mais seguro. Andamos muito a pé, à noite, e por ser alta temporada, verão (agosto) a cidade estava lotada, mas durante a noite diminui muito o fluxo de pessoas e mesmo assim não vi qualquer problema, não me senti insegura ou com medo em nenhum momento. Só precisa cuidar da bolsa em lugares aglomerados por causa dos batedores de carteira.

Contratei uma guia por 3 dias para fazer os passeios: Nádia Khristova que indico muito, seu insta é @passeio.petersburgo. Super querida, calma, extremamente culta, fala um português perfeito, serviço muito profissional com o motorista Boris, não esperamos em nenhum lugar, nos deixava na porta ou o mais próximo possível quando carro não podia entrar, serviço de precisão que fez o nosso tempo render e aproveitar muito mais e melhor a cidade.

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Boris e Nádia serviço de excelência

Quanto ao hotel, por ser a comemoração do aniversário de 60 anos do marido, resolvi escolher um para ficar na memória, então o eleito foi o Hotel Four Seasons Lion Palace, como o próprio nome já diz: um palácio. Super bem localizado, ao lado da Catedral de St. Isaac e bem próximo ao museu Hermitage, de bons restaurantes, com um staff muito gentil, além de ser lindo demais.

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Fiz a reserva pelo http://www.grandluxuryhotels para o superior room (quarto básico) e recebi um upgrade para um quarto com cama king size e terraço

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O terraço do quarto tinha vista para a Catedral de St. Isaac

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Vista do terraço do quarto – colado na Catedral de St. Isaac

As áreas comuns do hotel são extremamente agradáveis principalmente o restaurante que serve o café da manhã e refeições rápidas – The Tea Lounge – anexo ao lobby.

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O Hotel Four Seasons Lion Palace conta com dois restaurantes e dois bares.

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Sintoho – restaurante asiático
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Percorso – restaurante italiano
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Bar do restaurante Percorso
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Xander Bar

No post sobre restaurantes na Rússia falarei melhor sobre eles.

São Petersburgo foi o sonho e a realização de Pedro I, o Grande. Pertencente a dinastia Romanov, Pedro I nasceu em 1672, se tornou Czar em 1682, mas assumiu realmente o poder em 1694 e faleceu em 1725.  A paixão por navegação fez ele encontrar uma região  às margens do Rio Neva e do mar Báltico (conquistada dos suecos na Guerra do Norte) propícia para a Marinha Russa criada por ele.

Pedro I decidiu transferir a capital da Rússia (Moscou) para essa nova cidade em 1703, que recebeu o nome de São Petersburgo até 1914. Também já se chamou Petrogrado (1914 a 1924) e Leningrado (1924 a 1991), voltando a se chamar São Petersburgo desde 1991.

Não só por sua altura, ele media 2,03 m, mas por todas as suas realizações, o homem que modernizou a Rússia passou para a História como Pedro – O Grande.

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Cavaleiro de Bronze – Monumento em honra a Pedro o Grande feito por Catarina a Grande

São Petersburgo foi construída nos moldes europeus, assim, a maioria dos seus edifícios tem essa arquitetura ocidental. Brinco que São Petersburgo não é Rússia. Segunda maior cidade do país, possui 5.323 milhões de habitantes.

Após fazer um reconhecimento pelos arredores do hotel, na primeira noite fui assistir um balé no Teatro Mariinsky que para minha felicidade, nos dias que eu estava na cidade, estava apresentando o Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky.

O balé na Rússia em uma parte do verão entra em férias, geralmente no mês de agosto. O Bolshoi, em Moscou,  já estava fechado. Uma semana depois de sair de St. Peters, o Mariinsky também entrou em férias.

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O ballet de St. Petersburgo foi fundado no século XVIII e era originalmente conhecido por Ballet Imperial Russo, sendo uma das principais companhias do mundo.  Em 1934 passou a se chamar Ballet Kirov, sendo que nos anos de 1950 e 1960 teve como dançarinos mais célebres Rudolf Nureyev e Mikhail Baryshnikov.

Após o fim do regime comunista, a companha de ballet de St. Petersburgo passou a ter o mesmo nome do teatro onde está instalado, Mariinsky, porém, no meio artístico continua a ser conhecido e chamado pelo nome de Kirov.

Comprei o bilhete para o espetáculo meses antes no site do próprio teatro o http://www.mariinsky-theatre.com Após a compra, enviaram um email pedindo algumas informações (em inglês). O ingresso é remetido por email para impressão, não é necessário trocar na bilheteria do teatro.

Fui na apresentação no prédio principal do Mariinsky (Main Stage) que é lindo! Precisa prestar atenção na hora de comprar, porque tem espetáculos em outro prédio, o Mariinsky II que é moderno, não é tão bonito.

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O prédio atual foi inaugurado em 1860 e foi uma emoção muito grande estar lá. Fiz aula de dança quando era criança e adolescente e sempre tive paixão pelo balé. Foi um sonho realizado poder assistir uma companhia dessa importância no cenário mundial e ainda mais sendo o espetáculo o Lago dos Cisnes. Durante a apresentação, por óbvio, não pode fotografar. Fiz alguns registros do teatro.

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O marido não gosta de ballet, então fui sozinha, lá conheci um casal carioca muito simpático que fez algumas fotos minhas. A gente sempre encontra anjos pelo caminho.

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No outro dia, encontramos a guia Nádia no hotel e fomos fazer o roteiro programado.

Primeira parada: Catedral Naval de São Nicolau, construída entre 1753 a 1762, às margens do canal Kriukov, seu estilo é o barroco russo. A fachada azul e branca com colunas coríntias.

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A igreja é dedicada a São Nicolau dos Milagres, padroeiro dos marinheiros.

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Campanário da Igreja de São Nicolau

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Na saída fizemos um pedido no encontro das 6 pontes do canal Kriukov, que segundo a nossa guia Nádia dá sorte.

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Canal Kriukov

Abaixo o Rio Neva, com 74 Km de comprimento é o terceiro maior rio da Europa em volume de água. Vai até o Golfo da Finlândia.

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Em frente a Academia de Belas Artes vemos duas estátuas de esfinges do Faraó Amenofis III, do século III a.c. Originais do Egito, de granito,  pesam 23 toneladas cada uma.

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A Fortaleza de São Pedro e São Paulo é o marco inicial da cidade, de 1703, fica na ilhota de Zayachy e foi construída para impedir uma nova invasão sueca. São Petersburgo começou aqui.

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O meu maior interesse na fortaleza era para conhecer a Catedral de São Pedro e São Paulo onde estão os túmulos dos czares.

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Quando entrei havia esse mar de gente! Em Agosto as atrações são superlotadas na Rússia.

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Mas, com paciência, sempre se dá um jeito de fotografar. Abaixo o altar

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Estão enterrados aqui quase todos os czares da Rússia, desde Pedro, o Grande, passando por Catarina II, a Grande (na foto abaixo) até Nicolau II, o último czar.

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Em uma sala separada, visível por uma porta, onde sempre há uma fila enorme, estão enterrados o czar Nicolau II, a czarina Alexandra e três de seus cinco filhos: as grã-duquesas Olga, Tatiana e Anastácia, assassinados em 1918 pelo regime bolchevique.

Os corpos, enterrados em uma floresta em Ecaterimburgo, foram descobertos somente no ano de 1979. Porém, naquela época, ainda sob o regime comunista os corpos ficaram escondidos. A partir da década de 1990, cientistas americanos, ingleses e russos, com o avanço da medicina genética e dos testes de DNA começaram a pesquisa científica e conseguiram comprovar que a ossada encontrada pertencia realmente a última família imperial russa.

Em 1998 aconteceu o enterro na Catedral de São Pedro e São Paulo e no ano 2000 toda a família foi canonizada pela Igreja Ortodoxa Russa como santos mártires, por terem passado grande sofrimento com abnegação, paciência e humildade.

Os restos mortais dos outros dois filhos só foram descobertos em 2007, em uma cova próxima do resto da família e apesar de estar comprovada a identidade das ossadas de Maria e Alexei, estes ainda não foram enterrados junto com a família.

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A Fortaleza possui alguns museus, mas não tinha interesse. Abaixo no portal de saída.

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De todas as igrejas de São Petersburgo com certeza a mais famosa é a Catedral do Sangue Derramado. Do ano de 1907, ortodoxa russa, seu nome oficial é Igreja da Ressurreição do Salvador.

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A Catedral é conhecida pelo nome de Sangue Derramado e foi erguida neste local porque foi aqui, em 1881 que o Czar Alexandre II foi assassinado ficando seu sangue nas pedras da rua. Foi inspirada na Catedral de São Basílico em Moscou.

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O seu interior é magnífico, uma das igrejas mais lindas que eu já vi na vida! E olha que eu conheço muitas! No interior da igreja não tem bancos, na religião ortodoxa os fiéis ficam em pé e as suas paredes são todas de mosaicos.

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O altar é uma obra de arte e o entalhe é feito em mármore

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A Catedral do Sangue Derramado é uma das únicas igrejas no mundo que tem uma representação (imagem) de Jesus adolescente (desconheço outra).

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O único pedido do marido em St. Peters foi conhecer o Palácio Yusupov, como é conhecido o Palácio Moika, residência do príncipe Félix Yusupov, pois neste local foi assassinado Rasputin.

O Palácio foi construído em 1760 e posteriormente reconstruído em 1830. A família Yusupov era a segunda mais rica da Rússia, atrás apenas da família imperial.

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Fachada do Palácio Moika – Foto: Wikipedia

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A fortuna da família Yusupov vinha de grandes extensões de terras na Sibéria, minas de carvão e comércio de peles. O sobrenome era de sua mãe, adotado pelo pai de Felix no casamento, para que o importante nome não desaparecesse.

O príncipe Félix Yusupov nasceu em 1887, era bissexual e gostava, às vezes, de se vestir de mulher, porque desde a infância foi acostumado a vestir roupas femininas por sua mãe, que queria muito ter uma menina. Casou com a princesa Irina Alexandrovna, sobrinha do Czar Nicolau II, tiveram uma filha que também se chamava Irina e o seu caso amoroso mais famoso foi com o Grão-duque Dimitri Pavlovich primo do czar.

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Felix  Yusupov e Irina Alexandrovna

A residência é espetacular, mesmo sobrando muito pouco das valiosas obras de arte, paixão dos Yusupov, pelo mobiliário é possível ter uma ideia do estilo de vida da família.

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IMG_1355.JPGA parte mais bonita do palácio para mim é o teatro. Sim, os Yusupov tinham um teatro particular e fiquei impressionada com os detalhes.

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Escada para chegar no teatro abaixo

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O palco do teatro

Mesmo com toda a beleza do palácio ele não é famoso e visitado por isso, mas sim porque foi neste local, na madrugada de 17 de dezembro de 1916, que o príncipe Felix Yusupov, o grão-duque Dimitri e outros nobres e políticos assassinaram Grigori Rasputin, indignados com o poder e influência exercidos por ele sobre a família imperial.

Rasputin era um místico siberiano, que se intitulava “padre”, porém vivia embriagado, com um comportamento devasso,  totalmente incompatível com a sua função.  Em 1906 ele se aproximou da família por causa de Alexei, filho caçula do czar Nicolau II e herdeiro do trono. O menino era hemofílico, doença herdada de sua mãe Alexandra, neta da Rainha Vitória da Inglaterra que teve vários descendentes portadores da hemofilia.

o czarevitch (filho do czar) Alexei Nikolaevich (filho de Nicolau) sofria com hemorragias que não estancavam e Rasputin tinha o poder com seu toque ou oração de fazer parar os sangramentos e dores do menino, caindo nas graças da Imperatriz que passou a adorá-lo, pois era o único que conseguia curar seu filho nos períodos de sofrimento.

Com a influência de Rasputin ultrapassando todos os limites, dominando completamente a czarina que fazia tudo que ele queria, causando revolta na aristocracia russa, alguns nobres e políticos se uniram e montaram um grupo com o objetivo de matá-lo.

Assim, Felix Yusupov convidou Rasputin para ir a sua casa, chegando no palácio foi-lhe oferecido doces e vinho, em tese, envenenados com cianeto (depois o médico que participou da trama confessou que havia trocado o veneno por uma substância benigna – informações mais recentes do caso extraídas do livro Rasputin, do escritor americano Douglas Smith).

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Nobres russos reunidos no palácio Moika – conspiração para matar Raputin

No subsolo do Palácio Moika, onde os fatos aconteceram, foi montada a cena.

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Felix Yusupov à esquerda, Rasputin à direita

Como Rasputin não morreu após ingerir os doces e a bebida, Yusupov não viu outra alternativa a não ser lhe dar um tiro, que não o matou. Rasputin conseguiu sair do palácio cambaleando porém foi perseguido pelo grupo e recebeu mais dois tiros no pátio do palácio, desferidos pelo político Purichkevitch, morrendo finalmente, sendo posteriormente seu corpo jogado no rio.

Rasputin pela sua aparência, com 1,93 de altura, barba e cabelos longos e a sua trajetória entrou para a história cercado de lendas. 

Para ter acesso a esta parte do Palácio Moika, tem que adquirir o passeio guiado na bilheteria, pois tem um número máximo de visitantes por vez.

Muitos nobres e integrantes da família imperial foram assassinados pelo regime bolchevique. Félix Yusupov, pelo assassinato de Rasputin ficou em prisão domiciliar e depois foi para a Crimeia ficar com sua mulher e filha. Com a revolução a família fugiu da Rússia em um navio britânico para Malta. Félix conseguiu pegar apenas as jóias e dois quadros de Rembrandt, que foram a sua forma de subsistência no exílio. Fixou residência em Paris, porém não deixou de manter o estilo de vida a que estava habituado o que causou a extinção completa da fortuna dos Yusupov.

O príncipe Felix Yusupov faleceu aos 80 anos, com descendência da sua filha Irina até os dias atuais, a neta Xênia (1942), a bisneta Tatiana (1968) e as trinetas Marília (2004) e Yasmine (2006).

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O final da nossa visita ao Palácio Moika, “coincidiu” com a apresentação de um coral no salão de baile. A guia Nádia planejou tudo com precisão.  São quatro cantores (tenores) que sem qualquer instrumento musical para acompanhar fazem um espetáculo de incrível qualidade. As músicas são lindas e fiquei emocionada. É gratuito, os músicos vendem seus CDs no final.

Depois, nos despedimento de Nádia e fomos sozinhos no Museu Fabergé.

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O Palácio Shuvalov abriga a maior coleção do mundo de obras de Peter Carl Fabergé, joalheiro russo que criou objetos de arte de alta joalheria, em formato de ovo, entre os séculos XIX e XX, produzidos para os czares presentearem a família na Páscoa.

Os ovos Fabergé ficaram mundialmente famosos e sua aquisição disputada até os dias atuais. O número reduzido de peças existentes incentivou a falsificação e a produção de cópias em grande escala, muitas de baixa qualidade e de gosto duvidoso.

Particularmente são poucas as peças que acho bonitas, mas o museu não tem só os célebres ovos. O seu acervo é sensacional, me surpreendeu, adorei ter conhecido e realmente vale muito a pena a visita. Além das peças da Casa Fabergé: ovos e relógios, o museu possui objetos e utensílios de alta joalheria de vários artistas russos que  foram a partir do ano de 2004 recuperados e repatriados pela proprietária do museu, a Fundação Link of Times.

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O Ovo de Páscoa Bay Tree (verde abaixo) foi encomendado pelo czar Nicolau II para presentear sua mãe Maria Feodorovna na Páscoa de 1911. Feito em esmalte com ouro, nefrita, diamantes, quartzo, rubi, ametista e pérolas.

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O Ovo de Páscoa Lírios do Vale (abaixo) foi um presente do Imperador Nicolau II para a sua esposa a Imperatriz Alexandra Feodorovna na Páscoa de 1898, em esmalte com ouro, diamantes, rubis, pérolas e marfim.

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Os serviços de mesa em ouro e prata são fantásticos.

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O café do museu onde fizemos um lanche é um charme.

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Final de tarde de verão em São Petersburgo, às margens do Rio Fontanka, lindo demais

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Logo na esquina do museu Fabergé se encontra a Ponte Anichkov na Avenida Nevsky, é a mais importante a cruzar o rio Fontanka. De 1842, reconstruída em 1908, possui 55 metros de extensão.

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A primeira ponte era de madeira e foi construída em 1715 por Pedro, o Grande. A atual possui nas suas cabeceiras 4 esculturas de cavalos de bronze e seus trilhos (guarda corpo) são de ferro ornamentado. A ponte mais famosa de São Petersburgo já foi citada nas obras de Pushkin e Dostoievsky

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A Nevsky Prospekt (Avenida) é a principal de São Petersburgo e possui 4,5 Km de extensão, com lojas, restaurantes, bares, palácios e igrejas.

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A loja mais interessante da avenida é o Magazin Kuptsov Yeliseyevykh, no número 56. Suas vitrines são lindas e o interior uma tentação com doces, chocolates e balas. Tem um café no centro que vive lotado e serve refeições ligeiras também.

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Os bonecos das vitrines se mexem deixando as crianças encantadas.

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Também na Avenida Nevsky tem um monumento à Catarina a Grande e o prédio da Livraria Casa Singer, em estilo Art Nouveau.

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Do outro lado da rua se encontra a Catedral de Nossa Senhora de Kazan, construída em 1801 e que voltou a ser igreja em 1992, após a queda do regime comunista.

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A igreja é linda, mas infelizmente dentro não podia fotografar. Dedicada a Nossa Senhora de Kazan, cujo ícone, é considerado milagroso pela religião ortodoxa russa.

Em 1579 a casa onde morava uma menina chamada Matrona, de 9 anos, sofreu um incêndio, na cidade de Kazan, Rússia. Essa menina teve um sonho onde a Virgem Maria lhe indicou que havia um ícone embaixo das cinzas. Foram realizadas buscas e de fato, foi encontrado um ícone (pedaço de madeira com imagem de Nossa Senhora) envolto em um pano muito antigo, provavelmente do século XIII.

A imagem virou objeto de devoção na Rússia, sendo adorada por milhões de fiéis. É considerada a protetora da Rússia nas guerras e responsável por suas vitórias. Também há relatos de milagres principalmente na recuperação da visão de pessoas cegas.

O ícone (imagem) foi instalado em uma igreja na cidade de Kazan, depois foi para Moscou e finalmente na Catedral de Nossa Senhora de Kazan construída para ela, em São Petersburgo. Porém, com a revolução bolchevique o ícone desapareceu sendo encontrado tempos depois na Polônia. Integrantes do “Exército Azul de Nossa Senhora” em 1970 conseguiram comprar o ícone e o levaram para a cidade de Fátima em Portugal, esperando a conversão do povo russo, um dos pedidos da Virgem Maria nas suas aparições em Fátima, conforme relato da pastorinha Lúcia.

O Papa João Paulo II em 2004 devolveu o ícone ao patriarcado de Moscou.

O ícone é um pedaço (quadrado) de madeira e foi pintado (provavelmente) em Constantinopla, no século XIII. Em estilo grego-bizantino possui a imagem de meio corpo da Virgem carregando Menino Jesus ao colo.  No século XVII recebeu uma lâmina de prata deixando visível apenas os rostos, com incrustações em diamantes, esmeraldas, pérolas e safiras.

Não é possível fotografar o ícone. Existem muitas versões, mas o original é este:

Russia: The Icon of Our Lady of Kazan (also known as
Foto do site: www. acn-canada.org

E se encontra no altar da Catedral de Kazan onde os fiéis fazem fila para rezar em frente à imagem.

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Interior da Catedral de Nossa Senhora de Kazan – Foto: http://www.fi.wikipedia.org

As igrejas da religião ortodoxa russa não possuem bancos e as mulheres devem entrar com a cabeça coberta por um véu. Em todas as igrejas que entrei não foi exigido, penso que por ser turista, diferente do que acontece nas mesquitas em Istambul por exemplo, onde cobrir a cabeça é obrigatório.

Por fim, ao lado do nosso Hotel Four Seasons e com  vista pelo terraço do quarto, fica a Catedral de St. Isaac, maior igreja ortodoxa russa da cidade. o tíquete para entrada é vendido em um guichê ao lado da catedral, à esquerda. Tem sempre muita fila, fui à tarde, um pouco antes do horário de fechar, que estava mais tranquilo.

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A primeira construção foi de madeira, em 1710, na época de Pedro, o grande, depois em 1717 foi construída em pedra e por fim, em 1858 nos moldes atuais. Possui capacidade para 14.000 pessoas.

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A igrejas russas não, possuem bancos. A cúpula da St. Isaac tem 101 metros de altura e é pintada de ouro. Durante a 2ª Guerra Mundial a cúpula foi pintada de cinza para não ficar exposta aos bombardeios, nas suas paredes externas ainda tem vestígios de balas.

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Além de igreja também é museu. As suas paredes e tetos tem trabalhos em ouro e pinturas, em estilo neoclássico com inserção de adornos bizantinos.

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A Catedral é dedicada a São Isaac da Dalmácia e voltou a ter celebrações religiosas em 1990 com a queda do comunismo. Anteriormente, serviu muito tempo somente como museu, inclusive abrigando em 1931 o Pêndulo de Foucault.

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E, assim, terminamos os dois primeiros dias em São Petersburgo. No próximo post vou mostrar a nossa visita no Museu Hermitage (sonho realizado), passeio de barco, as estações de metrô e os Palácios de Catarina e Peterhof nos arredores da cidade. Além, claro, de contar sobre os restaurantes e bares incríveis que fomos na Rússia (St. Peters e Moscou).

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Anoitecer em São Petersburgo – Vista da Brasserie Bellevue