A gastronomia tem um papel fundamental nas minhas viagens. Passo muito tempo pesquisando sobre restaurantes e bares na cidade que vou visitar. Já comentei isso aqui, penso que conhecer um outro país, uma outra cultura, passa obrigatoriamente pela sua cozinha.

Gosto de conhecer locais bonitos, badalados, “da moda” e também estabelecimentos típicos, com história. Não tenho preconceito com aqueles classificados como “turístico”, afinal, sou turista mesmo! Procuro, isso sim, fugir do “isca de turista” porque geralmente significa comida ruim e péssimo atendimento
Porém, nem sempre consigo passar todos os dias comendo só a culinária local, às vezes preciso dar uma escapada, porque o tempero típico enjoa, como aconteceu no Marrocos ou quando realmente a comida não me agrada, como a culinária alemã. Nesses casos apelo para a boa e velha “comida internacional”, que geralmente tem um toque do país em que é feita.
Peixes e frutos do mar sempre tem a minha preferência, são bons em qualquer lugar do mundo e mais adaptáveis ao paladar, com exceção da Índia que por questão de higiene e segurança alimentar não passei perto.
Na Rússia o seu prato típico mais famoso é o Stroganoff, com “a” mesmo, uma carne picada com cogumelos em molho cremoso. É bom demais!!! Comi umas 250 vezes e não enjoei. A oferta gastronômica na Rússia é surpreendente. São muitos os bons restaurantes em São Petersburgo e Moscou, difícil escolher entre tantas opções.
Vou começar com São Petersburgo.
SINTOSHO: no Hotel Four Seasons Lion Palace. Culinária asiática fusion, com produtos provenientes de diversos países da Ásia. Foi o terceiro restaurante mais bonito que fui na Rússia. Não sou muito fã da culinária asiática, gosto de ir para conhecer e sou louca pela decoração desses restaurantes, fico babando com o estilo, um ambiente mais incrível que o outro.
O salão principal onde ficamos era incrível, com um teto de pingentes branco e vermelho
A comida estava boa (não achei ótima), mas não sou referência em comida asiática, então não vá por mim no quesito comida e vá por mim no quesito ambiente, se você gosta de restaurante “japa” esse é “o lugar” em St. Peters.
E a vista da nossa mesa para a Catedral de St. Isaac foi especial
STROGANOFF STEAK HOUSE o mais famoso restaurante para comer stroganoff em São Petersburgo. Nas minhas pesquisas ele não tinha me agradado muito, alguns comentários ruins, o ambiente parecia feio pelas fotos, mas a guia Nádia indicou, disse que era bom e como estávamos perto, para facilitar o passeio resolvi arriscar e foi maravilhoso! O restaurante é bem grande, turístico, mas nada disso deve ser impedimento para conhecê-lo. Os ambientes são bonitos, atendimento muito gentil e a comida deliciosa, achei o melhor stroganoff de todos que provei na viagem. Recomendo muito.
EMPORIUM ELISEYEVE um ótimo local para fazer um pit stop. Mix de loja, restaurante e café, o food hall Eliseyeve vale a pena a visita nem que seja para conhecer o seu interior em estilo Art Nouveau lindo demais! O café serve lanches, refeições ligeiras e fica no meio da muvuca da loja que vive lotada. O restaurante para refeição completa está no segundo piso. E em todo o ambiente térreo funciona a loja com doces, chocolates e bebidas à venda. Foi inaugurado em 1903 pelos irmãos que deram nome ao estabelecimento, passou por vários proprietários, ficou um tempo fechado e reabriu em 2012, restaurado em todo o seu esplendor. Na Nevsky Prospekt, 56 – a principal avenida de São Petersburgo, um lugar imperdível na cidade.
BELLEVUE BRASSERIE no rooftop do Hotel Kempinsky Moika. É realmente, como diz o seu nome, uma bela vista. O cardápio de inspiração francesa, só que como estamos na Rússia, entrada de caviar não pode faltar, não é mesmo? O restaurante foi renovado no ano de 2019, ambiente clean, todo envidraçado, atendimento especial, vale a visita.


O terraço da cobertura tem uma vista espetacular, inclusive para o Museu Hermitage, mas mesmo em agosto a noite estava muito fria e não tinha ninguém. Céu de quase 22h
XANDER BAR no Hotel Four Seasons Lion Palace. Drinks muito bem feitos, ambiente lindo, DJ excelente e os garçons mais simpáticos de toda a viagem. Fomos todas as noites. Adoramos começar ou terminar a noite com um drink, mesmo com o cansaço da viagem ajuda a relaxar e é um momento que passamos a relembrar tudo que vimos naquele dia, bom demais, porque geralmente rende boas gargalhadas, já que a gente vê cada coisa louca nesse mundão de Deus.
TERRASSA ao lado da Catedral de Kazan, cozinha italiana, japonesa e européia. Pertence ao Grupo Ginza Project que tem mais de 30 restaurantes em St. Peters. Ambiente interno moderno com aquário e balcão de frutos do mar e um mercado com produtos orgânicos. Mix de bar e restaurante tem uma área externa com um visual incrível para a Catedral de Nossa Senhora de Kazan, Atendimento gentil e pratos bem servidos. Vive lotado, super badalado, melhor reservar pelo site http://www.en.ginza.ru
Acima o terraço do restaurante com essa vista de suspirar. Abaixo a entrada do restaurante que fica em uma galeria. E a cara do marido que não gosta de fotos? Já eu amo!!!
Agora a melhor surpresa da viagem. Entre a visita aos Palácios de Catarina e Peterhof a guia Nádia (Instagram @passeio.petersburgo) nos levou no restaurante PODVORYE em Tyarlevo, São Petersburgo.
Na categoria turístico que vale super a pena. Conhecido como “o restaurante russo mais autêntico da Rússia”. Além da sua clientela russa fiel, é frequentado por artistas, políticos, intelectuais, celebridades dos esportes e claro turistas. Foi aqui que o presidente Putin comemorou um aniversário e só por esse fato o marido já quis ir. Tem uma construção típica russa em madeira.
O restaurante é um parque de diversões! Inclusive muito indicado para ir com crianças.

Sua decoração é rica em detalhes e possui uma loja com vários produtos típicos russos à venda.




E advinha o prato que a gente pediu? Strogranooooffffffffff
Amei tudo nesse restaurante: decoração, atendimento, comida e principalmente por ser um lugar tão original e representante da cultura russa.
E caros leitores, vamos em frente que eu viajo para comer, com exceção da Índia (assunto para o próximo post).
Última noite em St. Peters (já estou íntima) o segundo restaurante mais bonito que eu fui, o italiano PERCORSO.

Sabe aquele ambiente tipo uauuu? É esse aqui. Que restaurante lindo! Não cansava de ficar admirando os seus detalhes. Todas as suas paredes revestidas com tecido adamascado, caixas de madeira em treliça e o lustre de pingentes de cristal em tons de âmbar dava um efeito mágico. Em um ambiente assim a comida nem precisa ser boa, a gente nem liga, só que era, aliás divina!






Na saída fomos no bar do restaurante Percorso, lindo demais!
Fechamos assim com chave de ouro nossos 4 dias em St. Petersburgo. O último dia mesmo considero que foi o mais incrível e perfeito que já desfrutei em uma viagem. E aqui vai um agradecimento especial para a querida guia Nádia que sei é leitora do blog: muito obrigada pelos dias maravilhosos que passamos na sua cidade. Pelo seu trabalho dedicado e de excelência. Pela calma e gentileza em todos os momentos. Adoramos ter lhe conhecido. Tem pessoas que passam pela vida da gente e nos marcam de uma forma muito especial, você é uma delas! Assim que nos vimos já soube, parecia que nos conhecíamos a vida toda ou de outras vidas (para quem acredita). Espero um dia retornar a sua linda cidade e que a gente possa se reencontrar. Por enquanto, vamos mantendo contato pelas redes sociais, porque fazer amigos pelo mundo é a herança mais valiosa que uma viagem pode nos deixar.
Agora, antes que eu comece a chorar, vamos para Moscou!

Na primeira noite em Moscou fomos no restaurante BELUGA que fica no Hotel Nacional. Muito próximo do nosso Hotel Four Seasons, do outro lado da rua, só que nós os marinheiros de primeira viagem (russa) tentamos atravessar a rua e nada, impossível, várias pistas, nenhum sinaleiro ou faixa e agora? Voltamos ao nosso hotel e o porteiro explicou que havia uma passagem subterrânea! Lá fomos nós de novo, a charmosa aqui de salto porque era perto. Só que a passagem era imensa, uma galeria com lojas, lanchonetes, guichês de serviços e tíquetes já que dá acesso também a estação de metrô. Andamos tanto que não dava para acreditar, não chegava nunca a superfície, mas chegamos! Voilá!
O Hotel Nacional é um ícone da cidade. Construído em 1903 é uma joia da arquitetura imperial russa.
BELUGA é um dos restaurantes do hotel, especializado em caviar, que são as ovas do peixe esturjão não fertilizadas, sem qualquer tipo de aditivo ou conservante. Podem ser frescas ou pasteurizadas. O esturjão, maior peixe de água salgada do mundo depois do tubarão baleia, é proveniente do Mar Cáspio e como está cada vez mais raro, hoje em dia as ovas também são extraídas de outros peixes como salmão, truta ou tainha (caviar substituto). Os principais produtores de caviar são a Rússia e o Irã.
Há três tipos de esturjão no Mar Cáspio: a) Sevruga é o menor deles, com ovas pequenas e escuras, b) Ossetra é o peixe que nada em águas mais profundas e tem sabor um pouco diferente, c) Beluga o maior dos peixes e também o mais escasso, com ovas de cor acinzentada, sendo então o caviar mais caro, mais especial, por isso o nome do restaurante.
Outro ambiente lindo, serviço impecável, mais um restaurante incrível para a lista.

RYBY NET: São muitas as opções incríveis em Moscou, não seria lógico repetir, só que eu gostei muito deste restaurante que descobri por acaso, do outro lado da rua do Cristal Room Baccarat que eu queria ir (tem em Paris já fui é ótimo), mas estava fechado em férias.
A Nikolskaya é a rua que passa pela lateral da Catedral de Kazan e da loja de departamentos GUM. Já mostrei essa rua nos outros posts sobre Moscou. Ela estava com um céu de lâmpadas que era a coisa mais linda à noite. Nessa rua tem muitos restaurantes e como não deu certo ir no Baccarat, fiquei olhando os outros até que me agradei do Ryby Net, uma steak house e entrei.


Fui para almoçar. Agora é que tem uma dica: o nome do restaurante está em russo. Então não adianta procurar por Ryby Net. Procure o número 12 da rua Nikolskaya e entre na porta ao lado da hamburgueria FARIII, é do mesmo proprietário, o grupo http://www.novikovgroup.ru que tem nada menos do que 91 restaurantes na Rússia.
Abaixo a fachada e porta da Steak house. Pectopah é restaurante em russo. O outro nome é Ryby Net. Alfabeto danado esse.
Ambiente super charmoso, atendimento simpático com garçons se esforçando no inglês para lhe ajudar.

No cardápio: carnes de vários cortes, fillet mignon em duas opções: regular e prime. Fui de prime. Aí eu jamais iria imaginar que a melhor carne que já comi na vida seria na Rússia e foi!
Acompanhamento pedi batatas (na foto não aparece) e molho à sua escolha, no meu caso bernaise. Fiquei enlouquecida! Carne saborosa, no ponto exato que eu pedi, amei. Tive que voltar. No outro dia almoçamos aqui novamente e foi maravilhoso.
Depois, à tarde, um pit stop no BOSCO CAFÉ. De frente para a Praça Vermelha tem dois espaços, um para café com lanches rápidos e confeitaria e outro interno um restaurante italiano. Fui para fazer um lanche e amei. Só pelo fato de sentar nesse lugar tão privilegiado e ficar observando o ir e vir já vale.
Entrei para fazer fotos internas, está vazio porque não era hora de almoço ou jantar.

Nosso lanche: Chá Earl Grey (marido aprendeu a tomar e agora ama). Strudel de maça para ele brownie de chocolate para mim, depois compartilhamos, uma delícia! Mais um da série tem que ir.
Nesse dia era o aniversário do marido e queria um lugar bem especial para ir jantar. Então escolhi o restaurante WHITE RABBIT, classificado em 13° lugar na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo. Merece a colocação. O White Rabitt é lindo, situado no 16° andar de um prédio com uma vista incrível, atendimento muito especial (marido não deixou dizer que era aniversário dele) e comida excelente.

A entrada do restaurante é pela Smolensky Passage, uma galeria comercial. Em razão do horário a galeria estava com as lojas fechadas, mas a porta fica aberta e um segurança indica o caminho do elevador. A gente sobe até o final, sai e tem mais um segurança que mostra o outro elevador (esse da foto acima) e a gente chega no 16° andar.
São dois andares. No primeiro piso tem um bar com aquário de frutos do mar e toillets.
Depois sobe a escada para o segundo piso onde tem as mesas. O ambiente é todo envidraçado, a decoração é baseada na obra de Alice no País das Maravilhas e a vista é fantástica!


O ambiente superior também tem um mezanino e lounges com mesas e sofás (para grupos maiores) ou só mesas (onde nós ficamos).

Pedimos lagostim na grelha com manteiga de ervas, uma coisa de bom! Abaixo a vista
Na última noite, escolhi um clássico para me despedir dessa cidade incrível: o TURANDOT: restaurante asiático cujo nome homenageia a ópera de Giacomo Puccini que estreou em 1926, baseada no drama de Carlo Gozzi, de 1762, que conta a estória de uma princesa chinesa Turandot, que obriga seus pretendentes a resolver três enigmas ou são condenados a morte.
O prédio onde o restaurante está instalado já vale a visita. Construído como um palacete florentino em uma mansão onde só havia a fachada. Suas obras duraram 6 anos e meio. A entrada possui um lobby, um pátio interno em estilo renascentista com teto de vidro.


Salão Principal em dois pisos, escolhi o piso superior, a Rotunda, para ficar bem perto do fabuloso lustre estilo Louis XIV, feito em São Petersburgo, com cristais, quartzo e ametistas provenientes dos Urais, Brasil e Madagascar.
O restaurante possui salão térreo e superior (Rotunda – onde fiquei). Oito salas privativas para pequenos grupos, salões de recepções e eventos. Atendimento extremamente gentil e comida deliciosa, tem opções de culinária internacional, como filé ao foie gras (prato do marido).
Foi o restaurante mais bonito da viagem, levou o primeiro lugar, cada canto era decorado com extremo bom gosto, um palácio mesmo, jantar em local de sonho. E mesmo sendo um ambiente extremamente requintado, tinham pessoas vestidas de todos os estilos, do mais formal (como nós) ao mais casual, sem qualquer problema.
E para fechar a noite fomos tomar um drink no CAFÉ PUSHKIN, quase ao lado do Turandot que funciona como café, restaurante e bar.
O nome do café é em homenagem a Alexander Pushkin (1799 – 1837) o maior poeta russo da época romântica.
O café possui quatro ambientes: café e bar no piso térreo (Pharmacy Hall), sala de jantar no piso superior (The Library) e no mezanino e ainda um ambiente de terraço externo. Fomos só para tomar um aperitivo e nos instalaram no salão de jantar The Libraryn no piso superior, para mim o mais bonito (sempre ajuda nessas horas estar vestido de maneira formal). O ambiente é em estilo barroco repleto de antiguidades e estantes com livros do chão ao teto.

O Café Pushkin é um lugar do tipo “tem que ir” em Moscou. Pode ser a qualquer hora do dia, pois funciona das 10:00 às 23:00 como café, confeitaria e restaurante. Para se ter uma ideia da beleza do ambiente, abaixo uma foto da internet.

Um local que nós fomos e não fotografei foi o MOSKOVSKY BAR dentro do Hotel Four Seasons porque segundo a política do hotel de preservar a intimidade de seus hóspedes fotos não são aconselhadas nas suas dependências. Assim, mesmo indignada, resolvi respeitar. O ambiente é muito bonito, ótimos drinks (Bellini divino) e lotado, se bem que de tão escuro, acho que não iria aparecer nada nas fotos mesmo. Mais uma vez a internet me socorre (foto profissional é outro nível).


Nosso tour pela Rússia durou 7 dias, foram 4 dias em São Petersburgo e 3 dias em Moscou. Em todos os restaurantes comemos muito bem e o atendimento foi muito gentil e simpático, à exceção de um. O único que fez jus à fama do mau humor dos russos, que considero injusta quero deixar bem claro.
Quando saímos do Museu Hermitage em São Petersburgo, logo em seguida seria o passeio de barco, então fomos em um restaurante bem próximo do pier para facilitar e agilizar o almoço. O restaurante “Na Abordazh“, que significa “on boarding”, fica no Enbamkment River Moika, 40. Tem um ambiente simples, com detalhes náuticos. Atendimento super mal humorado da garçonete, comida tão demorada que tive que perguntar três vezes, parecia que ela tinha feito de propósito, outras mesas eram servidas menos a nossa. A comida estava horrível, enfim, uma péssima experiência. Em uma viagem de 19 dias pela Escandinávia e Rússia foi o único estabelecimento que não deixei gorjeta. Saí indignada, ainda bem que em seguida foi o passeio de barco que de tão lindo logo esqueci. Deixo o registro para não caírem nessa “roubada”.
Este é o último post da viagem de Agosto de 2019 pela Escandinávia e Rússia. Roteiro que super indico. As cidades são lindas, povo educado e hospitaleiro. Deu muita saudade rever fotos e informações para o blog.
No próxima sequencia de post, já em rascunho, contarei sobre a Índia, viagem que fiz em Novembro 2019 e que me marcou profundamente.