É preciso estar preparado para gostar de Nápoles. Estudar muito, tomar algumas precauções. Confesso que fui tensa para lá, não é o que se espera de uma viagem de férias, mas tinha tanta vontade de conhecer que superei o medo e a insegurança e arrisquei. E gostei muito!
É uma Itália diferente, não é uma cosmopolita Milão, uma mágica Veneza, uma histórica Florença ou uma maravilhosa Roma. Tem problemas, ruas sujas, paredes pichadas, imóveis mal cuidados, muitas notícias de furtos a turistas, becos escuros e que dão má impressão. Parafraseando o que li sobre Palermo, Nápoles é um mundo, mas não é para todo mundo.
Esqueça lojas de grifes, restaurantes badalados, ruas charmosas. Nápoles tem história, muita e fui atrás disso. Tem Pompéia ao lado, eram esses os meus objetivos. E foram superados por uma arquitetura bonita, lindas igrejas, povo simpático e o incrível Museu Arqueológico Nacional que só por ele, a viagem para mim já valeu.
A hospedagem foi um caso sério, fiz e cancelei várias reservas até me decidir pelo hotel. Nápoles tem poucas opções de bons hotéis e são distantes do centro histórico e como só tinha dois dias na cidade não valia a pena ficar longe. Então resolvi reservar um que é moderno, em frente ao Porto e perto das atrações. Optei pelo Hotel Romeo e foi fantástico, adorei.



Então vamos logo ao motivo da minha ida à Napoles, o Museu Arqueológico Nacional. Funciona das 9:00 às 19:30 horas. Fecha 3ª feira. Uma das maiores coleções de artefatos greco-romano do mundo.
O prédio do museu é lindo, estava bem vazio, foi uma visita muito tranquila, dá para apreciar bem as obras e fotografar sem ter dezenas de pessoas na frente. No piso térreo se encontra a Coleção Farnese com esculturas greco-romanas.
No mezanino a coleção de mosaicos
No Gabineto Segreto a Coleção de Arte Erótica
No 1° andar, na Sala Meridiana, antiga Biblioteca Real, a Grande Sala do Relógio Solar.
Também no primeiro andar estão as descobertas de Pompéia e Herculano. Apesar de ter ido a Pompéia a importância está no fato de que aqui as peças são mais bem preservadas, os maravilhosos afrescos que foram retirados de Pompéia para a sua conservação.
Foi uma emoção muito grande ter visto tantas peças de importância histórica. O Museu Arqueológico de Nápoles é uma visita imperdível e pode ser feita em um bate e volta de Roma.
Uma das coisas pitorescas de Nápoles é a Rua dos Presépios. Durante todo o ano e não só na época de Natal, a Via de San Gregório Armeno possui dezenas de lojas que vendem presépios. De todos os tipos e tamanhos. O interessante é que não são só de motivos religiosos, mas também de caricaturas, comédias, ou seja, no lugar dos personagens originais, tem com jogadores de futebol, artistas, palhaços, enfim, infinitas opções, ficando a cargo da criatividade dos artistas.
Na parte de fora das lojas ficam as peças mais simples, mais baratas. Já no interior das lojas ficam as peças mais elaboradas, assinadas por artistas e que são lindas, mas dessas os vendedores não gostam que façam fotografias, muitas tem os cartazes de proibido fotografar.
Infelizmente não comprei nenhum presépio, uma pena porque amo. Estava no início da minha viagem de 22 dias e Nápoles foi o primeiro destino. Também não gostei de nenhum presépio pequeno, os que eu gostei eram grandes, pesados e caros. Despachar para o Brasil é uma prática que ainda não adotei, acho que pode ser taxado e ficar ainda mais caro o produto. Então foi só para apreciar mesmo.
Na Rua dos presépios visitamos a Basílica de San Lorenzo Maggiore, na Piazza San Gaetano, do século XIII, uma obra prima do gótico francês. Nessa igreja encontra-se o túmulo de Catarina da Áustria, Sua fachada estava em restauro.
Outra atração imperdível é o Palácio Real. Do ano de 1600 serviu de residência para os reis de Nápoles. Fica na Piazza del Plebiscito e funciona das 9:00 às 19:00 horas e fecha 4ª feira.
O Palácio é lindo e de 1806 a 1815 foi enriquecido com adornos trazidos do Palácio de Tuileries em Paris por Carolina Bonaparte, irmã de Napoleão, rainha consorte de Nápoles.
A Sala do trono é a atração principal do palácio
Junto com a Capela Real que é belíssima
Cada canto do palácio é uma festa para os olhos. Considero o Palácio Real de Nápoles no seu interior muito mais bonito que Versalhes.
A Piazza del Plebiscito onde fica o Palácio Real, possui 25.000 m2 e tem a Basília de San Francesco di Paola, que infelizmente não pude visitar porque estava acontecendo um casamento e o Palazzo della Prefettura.
Após conhecer a praça e o palácio, com o calor de junho napolitano, precisei de um “sorvetinho” do café Gambrinus, na Piazza Plesbiscito, um local histórico desde 1860.
Perto do Palácio e da Piazza del Plebiscito fica a Galleria Umberto I , um centro comercial que lembra muito a Galleria Vitorio Emanuele de Milão.
Contratei um passeio guiado a Pompeia (que ficará para outro post) com a empresa Viator tendo a simpática Simone como guia, uma napolitana muito querida que primeiro fez um rápido giro por alguns locais da cidade e então conhecemos o bairro de Posillipo, que fica no alto de uma colina e tem uma vista linda da cidade.
E também visitamos o Duomo do Nápoles.
A Catedral de Nápoles é dedicada a San Gennaro, o santo padroeiro da cidade. Seu estilo arquitetônico é o gótico e foi construída no século XIII no local de uma antiga igreja do ano 570.
A Capela de San Gennaro possui obras de arte e afrescos lindos
Muito próximo a Piazza del Plesbiscito onde fica o palácio real se encontra o Castel Nuovo. Construído em 1279 para ser a residência dos reis de Nápoles, depois se tornou uma fortaleza e hoje é usado como escritório de governo. Não visitei o seu interior.
Outro local de residência real é o Castel Dell’Ovo, do ano 1154, que hoje pertence as forças armadas, fica no Borgo Marinari e o seu interesse é realmente só arquitetônico externo. Passei por ele e pude admirar a sua beleza, mas não consegui uma foto boa.

Um lugar que fomos almoçar e adorei, então indico é o San Carlo 17. Ambiente muito agradável e comida deliciosa, pedimos frutos do mar e os camarões estavam ótimos. Na Via San Carlo, 17, próximo ao Teatro Ópera San Carlo.

Na última noite resolvemos jantar no Hotel Romeo, onde ficamos hospedados. No rooftop tem um restaurante gourmet maravilhoso “Il Comandante” com 1 estrela Michelin, amei! A decoração tem inspiração asiática, linda e o atendimento nota 10.

Exemplos da belíssima arquitetura napolitana
Após o choque inicial, percebi que Nápoles é uma cidade bonita, muito mais segura que a maioria das cidades brasileiras, tem várias atrações interessantes (dois dias foi pouco) e uma história rica que vale a pena ser visitada.