Uma das coisas que eu tinha muita vontade de fazer na Itália era assistir uma ópera na Arena di Verona. A temporada abre em junho, início do verão. Então na minha viagem de 22 dias no mês de junho de 2017, ajustei as datas e cidades para estar em Verona e conseguir assistir o espetáculo.
Me hospedei por três dias no Hotel Due Torri. A princípio não era o hotel que eu queria, mas quando eu fui reservar em janeiro (5 meses antes) já estava lotado. Os espetáculos na Arena são muito procurados e a cidade fica cheia. Gostei muito do Due Torri, tem uma ótima localização, staff muito gentil, o recomendo. Só teve um porém, o ar condicionado não funcionava bem. Detalhe: pegamos entre 35 e 45 graus em Verona, foi de matar! Em nenhum lugar (lojas e restaurantes) o ar condicionado dava conta.
É um hotel antigo, estilo medieval, parecia do Conde Drácula!

O quarto tinha detalhe em vermelho! Não parece de vampiro?
Dois dias são suficientes para conhecer bem a cidade. Verona tem várias atrações, mas é pequena. Reservei três dias porque queria também fazer um passeio bate volta para o Lago di Garda, que é ao lado, mas fiquei mal humorada com o calor absurdo e não fui.
O primeiro lugar que visitei foi o Castel Vecchio e a sua famosa Ponte Scaligero
O Castel Vecchio foi construído em 1350 por Cangrande II e era uma fortaleza. Foi danificado por Napoleão Bonaparte e depois bombardeado na 2ª Guerra Mundial. Hoje é o maior museu de Verona com acervo de arte romana, medieval e renascentista (amo). Possui estátuas, afrescos, jóias e quadros de Bellini, Veronese e Pisanelo.
A Ponte do Castel Vecchio é a Scaligero. Construída em 1354, de tijolos vermelhos e mármore embaixo, está apoiada em duas torres. Era utilizada como rota de fuga da família governante. Foi totalmente destruída pelos bombardeios da 2ª Guerra Mundial e reconstruída na década de 1950.
Na parte de cima do castelo tem uma vista incrível para a ponte Scaligero e o rio Ádige.
Saímos do castelo e fomos passear pela cidade. Verona tem duas praças importantes: a Piazza Brà onde está a Arena e a Piazza Erbe.
Na Piazza Brà, no lado oeste, está o Portoni della Brà, a entrada da praça, um pórtico com uma torre pentagonal, arcos e um relógio.
A Piazza Brà tem ainda ao sul o Palácio Barbieri, sede do município e ao norte o Liston, uma área pavimentada com mármore (calçadão) com restaurantes. Todo o entorno da Piazza tem uma arquitetura muito bonita.
A atração principal da Piazza Brà é a Arena di Verona. Do Século I, construída entre o final do reinado do Imperador Augusto e início do Imperador Cláudio, sua fachada é de pedra calcária branca e rosa. Sua rica decoração em mármore não existe mais. Esse anfiteatro era usado para lutas de gladiadores.
A Arena di Verona possui 152 m de comprimento, 123 m de largura e 31 m de altura. É o terceiro maior anfiteatro da Itália (o primeiro é o Coliseu de Roma) sendo o mais bem preservado.
Assisti a ópera Nabucco de Giuseppe Verdi, que conta a história do rei Nabucodonosor da Babilônia. A ópera tem 4 atos e teve sua estreia em 1842 no teatro Scala de Milão. A música tema “O Coro dos Hebreus” (Va, pensiero…) se tornou o símbolo do nacionalismo italiano.
Comprei o ingresso com bastante antecedência no site: http://www.arena.it oficial da arena que direciona para a empresa que vende os tíquetes. Escolhi uma poltrona próxima ao palco setor Poltronissime Gold que tem uma entrada privativa sem fila. Como a arena é muito grande, existe fila para entrar no espetáculo, então é bom chegar cedo. Eu cheguei cedo porque sou ansiosa, sempre chego bem antes do horário em qualquer espetáculo.
Com o anoitecer a mudança de tons no céu junto com a iluminação que vai acendendo fica lindo demais!
Fiquei muito emocionada de estar ali, assistindo ópera em um lugar tão emblemático.
O calor de quase 45 graus que fez nesta noite infelizmente prejudicou. Muitas pessoas foram arrumadas, principalmente no setor que eu estava. Mulheres de vestido longo com penteado e maquiagem. Homens de terno ou smoking. Todos derretendo. Quem lucrou foi a vendedora de leques, que eu também comprei. Não sei como os atores com aqueles figurinos pesados conseguiram suportar o calor. Várias pessoas se retiraram antes do término do espetáculo, algumas passaram mal. Mas, é sazonal, sei que no ano anterior, na mesma época, fez frio. O Clima e suas loucuras.
A outra praça de Verona é a Piazza delle Erbe, que é a principal da cidade. Emoldurada pela Torre dei Lamberti e o Palazzo della Ragione. No centro o Chafariz com a estátua da Madonna de Verona.

Ao fundo o Palazzo Maffei, de 1668, no térreo funciona o Restaurante Maffei, considerado o melhor da cidade. Merece o título, gostei tanto que jantei duas noites.

Uma noite jantei no pátio e na outra na área interna (ar condicionado).
O prédio mais bonito da Piazza delle Erbe é a Case dei Mazzanti, do século XIV, com lindos afrescos.
Outra construção que circunda a Piazza delle Erbe, a Casa dei Mercanti, construída em 1301 pela família Scaligero, já foi câmara do comércio, atualmente é um banco.
A Torre dei Lamberti foi construída em 1172 e restaurada em 1468 porque foi atingida por um raio. Tem estilo gótico e possui 84 metros de altura. É aberta a visitação todos os dias e possui uma linda vista da cidade lá de cima (tem elevador). O relógio foi adicionado somente em 1779 e seus quatro sinos tocam para funções distintas como aviso de incêndio ou chamar os cidadãos para conselhos/reuniões.
A Piazza delle Erbe é realmente muito bonita, só acho que não deveria ter os “camelôs” no seu pátio central. São muitas barracas vendendo de tudo: roupas, chapéus, souvenirs. (produtos de baixa qualidade) e que atrapalham o visual.
A Piazza delle Erbe se conecta com a Piazza dei Signori pelo Arco della Costa (arco da costela) porque tem uma costela de baleia pendurada.


A Piazza dei Signori é mais tranquila e para mim a mais bonita, possui na esquina o Palazzo della Ragionne (hoje um museu de arte moderna) e a Estátua de Dante Alighieri no centro.
Ao lado da Piazza dei Signori está o mausoléu dos Scaligeri, a família mais poderosa e que fundou Verona, com os túmulos de Cangrande I, Martino II e Cansignorio.
Via Mazzini, a rua mais famosa, liga a Arena di Verona a Piazza delle Erbe. Um calçadão de mármore com lojas e restaurantes. Confesso que fiquei bem decepcionada. Me disseram que era linda, maravilhosa. Não vi nada disso. O mármore com o tempo e o uso já está bem gasto e feio. As lojas são bem “pasteurizadas” de redes que tem em todos os lugares do mundo, como Zara e não vi um restaurante que parecesse bom.
Casa di Giulietta. A mais famosa história de amor da literatura, de Willian Shakespeare, publicada em 1597. A trama envolve o romance de Julieta Capuleto e Romeu Montecchio que se apaixonam, apesar da proibição dos pais, pois as famílias são inimigas. O palco da obra se passa na cidade de Verona, que aproveitando da sua notoriedade fez com que a residência da família Del Capello “se tornasse” a casa dos Capuleto.
Assim, a casa de Julieta fica no final da Via Mazzini, em uma entrada que não tem uma placa muito visível, então passei direto, fiquei procurando pelo número 23 e encontrei. Abre todos os dias, das 8:30 às 19:30, mas na segunda-feira só à tarde.
Na entrada, as paredes com cartas e bilhetes de amor colados, embora não seja permitido. Logo em seguida, o pátio onde tem uma estátua de Julieta e reza a lenda que se passar a mão no seio direito terá sorte no casamento. Não custa tentar, não é mesmo?

A casa em si não tem nada. No térreo uma loja de souvenirs e na parte de cima alguns móveis. Eu já tinha pesquisado e sabia que era assim, só que eu, Julieta Cristina quis pagar o ingresso para entrar e poder da sacada acenar ao meu marido Romeu Rogério, que lá embaixo, bravamente, enfrentava uma multidão de turistas para fazer essa foto.
E, em nome do amor, a gente finge que tudo isso realmente aconteceu.

Da série amo igrejas. Visitei três em Verona. Todas são lindas e imperdíveis!
Duomo di Verona, a Catedral de Santa Maria Matricolare, possui afrescos dos séculos XVI e XVII. É um edifício listrado em estilo romântico. Pertence a um complexo onde tem também a Igreja de Santa Helena, restos arqueológicos e o Claustro dos Canônicos.
Basílica de Santa Anastasia: em frente ao Hotel Due Torri onde estava hospedada, perto da Ponte Pietra. Não estava na minha lista para visitar, mas valeu a pena, linda e muito interessante. Foi construída de 1280 até o ano de 1400, pertenceu a ordem dominicana.
A riqueza de detalhes nessa igreja é incrível. As paredes e teto são todos decorados.

Basílica de San Zeno: um pouco mais afastada do centro, o que naquele calor de 40 graus não é fácil, lá fomos nós conhecer essa famosa igreja de Verona. Uma obra prima da arquitetura romântica, dedicada ao padroeiro da cidade San Zeno Maggiore. E esse céu?
A Basílica de San Zeno foi fundada no século V e reconstruída no século XII.
A obra mais valiosa da igreja é o Retábulo de 1457-1459. Sob o título Majestade da Virgem de Mantegna tem uma perspectiva impressionante.

O local que eu mais gostei de conhecer foi o Museu Arqueológico de Verona. Fica no Teatro Romano, na outra margem do rio Àdige. O trajeto para ir lá já vale o passeio. Atravessamos a Ponte Pietra que tem uma vista linda do rio e da cidade.

A Ponte Pietra foi construída em 1957 e tem 120 metros de extensão.
O Teatro Romano do ano 1 a.c. é ainda mais antigo que a Arena di Verona (Anfiteatro). Suas arquibancadas servem hoje de local para concertos ao ar livre, onde é montado um palco. Acima fica o ex-convento de San Gerolamo, do século XV, onde é possível visitar o claustro e uma pequena igreja. Sua vista para o Rio e a cidade de Verona é linda demais! No alto, na colina mais acima, fica o Museu Arqueológico.
Em todas atrações de Verona só tinha multidão na Casa de Julieta e fila para subir na Torre dei Lamberti. A cidade estava lotada por conta dos espetáculos da Arena e mesmo assim os museus e igrejas vazios. Por que? Não consigo compreender o que faz a “massa de turistas” só se interessar por esse tipo de atração que tem fama, mesmo sem merecer. Em várias cidades do mundo que já estive, o museu que mais tem fila é o de cera Madame Tussauds (uma porcaria). Sei que férias são para se divertir, passear, enfim, mas a falta de interesse das pessoas por cultura me entristece. No Museu do Louvre em Paris muitas pessoas entram só para ver a Monalisa e vão embora, um absurdo! E isso ficou ainda mais gritante em Verona. O Museu Arqueológico é incrível, super interessante, fica em um lugar lindo e tinha no máximo 10 pessoas lá dentro, uma pena!
Gostei muito de Verona, é uma cidade muito bonita e interessante, tem ótimos restaurantes e lojas incríveis (não imaginava), que vale a pena conhecer.