Conheci Marrakech pela primeira vez na segunda quinzena do mês de março deste ano (2019) e me apaixonei! Foram três dias incríveis. Fiquei hospedada no Hotel La Mamounia que ganhará um post só para ele, merece!

Marrakech é a principal cidade do Marrocos. Tem 1 milhão de habitantes, se situa no centro sudoeste do país, no sopé da Cordilheira do Alto Atlas. Foi fundada no ano de 1062 e é chamada de cidade vermelha por causa da cor de seus prédios. A moeda é o Dirham cuja cotação é de aproximadamente 1 MAD para 0,40 centavos de Real.
Cheguei em Marrakech a partir de Madrid, pela Ibéria e saí em um voo direto pela Ryanair para Sevilha. O seu aeroporto Menara é bonito, organizado, moderno e passei pela imigração muito rápido, não fizeram qualquer pergunta. No avião preenchemos um formulário com perguntas sobre objetivo da viagem, duração, profissão, local de hospedagem, que é entregue ao agente de imigração.
O clima foi simplesmente perfeito. Um céu azul lindo, sol, temperatura de 25 a 30 graus durante o dia e entre 15 a 18 graus à noite. Foi maravilhoso.

A primeira dúvida que eu tinha em relação a Marrakech é se ficava hospedada dentro ou fora da Medina.
A Medina é o interior da cidade murada, onde está a praça principal Jamaa El Fna e os mercados (Souks). Para se hospedar tem Riads (pequenos palácios que foram transformados em hotéis). A circulação de veículos é limitada. É necessário puxar as malas a pé até o Riad, sendo que alguns tem serviço de maleteiro.
Como queria muito conhecer o Hotel La Mamounia, que recebeu o título de melhor hotel do mundo em 2018, que fica fora da Medina (mas perto para chegar a pé) resolvi então me hospedar nele e para mim foi perfeito. Lindo, clássico, histórico, padrão 5 estrelas e perto da Medina e ao mesmo tempo fora da sua “confusão”. Então para o meu perfil ter ficado em um hotel grande com bastante infraestrutura foi melhor. Conheci dois riads dentro da Medina e eram muito bonitos, com charme. Ótimas opções também, depende realmente do perfil.

A Praça principal da Medina se chama Jemaa El Fna, fica na Place de Marchè Animée (amei o nome). No século XI na fundação de Marrakech se executavam aqui os condenados à morte. Hoje ela é mais animada (rsrsrs) tem artistas de rua, encantadores de serpentes, adestradores de macacos (odeio), tatuadores de henna, dançarinos, músicos e os tradicionais vendedores de água com seus trajes típicos. No final do dia fica ainda mais movimentada com carrinhos de comida.
Pode fotografar tudo, mas…tem que pagar! Vá com moedas de 5 ou 10 Dirham e faça fotos com músicos, encantadores de serpentes, vendedores de água e dentista (sim, existe!). A sua câmera/celular são muito bem vindos, eles serão muito solícitos, porque você vai pagar e eles vivem disso. Não recomendo fotografar sem pagar, porque o humor vira, não presenciei, mas o nosso guia comentou. Inclusive não era eu que pagava, deixei as moedas com o guia e ele efetuava o pagamento.
A outra dúvida: se realmente é necessário contratar um guia. Vi que sim. Marrakech não é grande, tem muitos táxis, usei sem qualquer problema, mas os mercados (souks) são um labirinto de ruas com muitos quilômetros. É enorme, pensei: nunca mais vou conseguir sair daqui! O meu guia Hakim disse que tem muitos produtos falsificados. Tinha interesse em comprar Caftans (túnicas) legítimas, de boa qualidade. Babouches (os sapatinhos deles), bijoux e óleo de argan. As louças e luminárias são lindas, mas estava no início da minha viagem e o transporte é muito difícil, então não comprei nada para a casa.
Na foto abaixo dá para se ter uma ideia da quantidade de gente nas ruelas dos souks.
Para comprar óleo de Argan legítimo e puro (sem mistura como encontramos no Brasil) o guia me levou em uma cooperativa. Assim que entrei pensei: vai ser roubada! Nos levaram para uma sala para explicar como se fabrica o óleo e mostrar os tipos de produtos. Como eu estava enganada! O responsável pela cooperativa Rosa Huile falava português, foi muito rápido e com informações super interessantes e os produtos são fantásticos, virei fã. Tem site na internet em várias línguas, inclusive português, com venda on line. Foi uma experiência maravilhosa. Comprei um creme anti-idade a base de baba de caracol que promete rejuvenescer 20 anos, estou com fé! Para mais informações: http://www.rosahuile.ma
Para comprar caftans, nas minhas pesquisas pré viagem, senti bastante dificuldade, porque a maioria era muito “over”, com bordados e cores que não me agradavam, até que vi a marca Akbar Deligths com loja inclusive dentro do Hotel La Mamounia. Mas, chegando lá, só encontrei um casaco que gostei e o preço era muito alto. Então entrou novamente em ação o guia Hakim e foi “super”. Me levou na loja L’Ourika Caftan que fiquei apaixonada. O dono, um querido, me disse que o jornalista Bruno Astuto compra seus caftans com ele. Comprei 3 peças: um caftan preto com brilho para a noite, um caftan de algodão claro bem clean para o dia e um caftan casaco (Armani de Dubai) todo bordado com fio de seda que valeu a viagem! http://www.lourikacaftan.com

O serviço de um guia me ajudou muito a conhecer as principais atrações de Marrakech na medina e no seu entorno e ainda a encontrar os produtos e lojas que eu queria no emaranhado dos souks. O meu guia falava espanhol, mas tem muitos guias que falam português. Achei o serviço de um dia inteiro pelo preço de 60 euros muito justo.

Uma coisa que me chamou a atenção era que Hakim de vez em quando perguntava: “você está contente?” Os marroquinos tem uma preocupação enorme em agradar e que você fique satisfeito com o serviço prestado. É um povo muito acolhedor, me senti muito bem lá. E o “assédio” para comprar os seus produtos é bem menor do que em Istambul e muito mais tranquilo para negociar também.
Marrakech tem muitos monumentos e museus interessantes para conhecer.
O primeiro é a Mesquita Koutoubia, a maior de Marrakech. Diferente da Turquia, no Marrocos não muçulmanos não podem entrar nas mesquitas, então só visitamos por fora. O seu minarete é uma torre de 77 metros de altura. É uma construção linda e rende fotos incríveis.
Palais de la Bahia fica dentro da Medina. Bahia significa brilho. O palácio é do Século XIX e foi construído pelo Visir Si-Moussa. Em 1911, quando o Marrocos se tornou um protetorado francês morou aqui o seu representante.
O palácio é lindo e a visita engloba o grande e pequeno riad, o salão do conselho (teto com afrescos) e o apartamento da mulher do Visir.
Tumbas Saadianas são os túmulos de 60 membros da dinastia. Começaram a ser construídos em 1557. O Sultão Ahmad Al Mansour Saadi (1578-1603) e sua família estão enterrados aqui. Os túmulos integravam o Palácio Badi que foi destruído (não visitei suas ruínas). Os dois mausoléus com 24 tumbas são os mais bonitos feitos em mármore italiano.
Ao lado das Tumbas fica a Porta BAB AGNAOU a mais linda e famosa da cidade, construída em 1150. Significa Porta das Pessoas Negras, porque era a entrada dos plebeus. Na parte superior está escrito: “entre abençoado pessoa serena”. E também na parte de cima da porta tem ninhos de cegonha, nunca tinha visto, emocionante!
Museu de Marrakech na Place Ben Youssef está instalado no Palácio Mnebbi do século XIX e pertencia ao Ministro da defesa do Sultão Abdelaziz. Posteriormente com a independência do Marrocos em 1956 foi escola feminina e desde 1997 funciona como museu. Fica junto a Madraça Ben Youssef (escola religiosa) que não pude visitar pois estava fechada para reforma, uma pena, porque é linda demais.
O museu tem em seu acervo quadros, jóias, roupas e cerâmicas. No seu pátio central um lustre em forma de candelabro, com piso de azulejos e três bacias de mármore que é um sonho!
O teto é transparente então a incidência da luz do sol é bem forte, dependendo do lado que se fotografa, faz este efeito amarelo. Pelo outro lado, a luz já é outra.
Concluindo: possuindo guia por um dia para a Medina (o lugar mais complicado de se localizar) nos outros dias dá para passear sozinho tranquilamente, é uma cidade segura e vi muitas mulheres viajando sozinhas. E assim a gente fez, nos outros dias passeamos sozinhos, usando táxi para os deslocamentos mais longos.
O lugar mais bonito para visitar em Marrakech sem dúvida é o Jardim Majorelle. Criado em 1931 pelo pintos francês Jacques Majorelle que cuidou e o ampliou por 40 anos. Tem 4 hectares. Foi comprado por Yves Saint Laurent e Pierre Berger em 1980. Na época o jardim estava abandonado e foi restaurado pelo estilista e suas cinzas estão aqui desde a sua morte em 2008.

O jardim possui uma coleção incrível de plantas exóticas, fontes e lagoas de lótus.

A edificação em tons de azul e amarelo forma um contraste lindo com o azul do céu e o verde das plantas. No imóvel se encontra o Museu Berber, com uma coleção de ornamentos e jóias desse povo nômade. No local tem também loja e café.
Dentro do Museu Berber é proibido fotografar. Achei que vale a pena comprar o ingresso combinado para visitar o museu também, é muito interessante.
Depois de visitar o Jardim Majorelle, ao lado, fomos no Museu Yves Saint Laurent. A sua construção é impressionante, uma arquitetura arrojada, mas na cor ocre característica da cidade para não destoar. Achei lindo. No seu interior, que também não pode fotografar, uma mostra de vários modelos (vestidos na sua maioria) criados por YSL. Li muitos comentários negativos em relação a esse museu. Apesar do acervo ser pequeno para mim valeu a pena, amo moda, acho que Saint Laurent foi um gênio, adoro todas as suas criações, inclusive um exemplar do vestido Mondrian está lá e poder ver ao vivo parte de sua obra foi maravilhoso.
Comprei alguns cartões de vestidos da exposição para se ter uma ideia do acervo.
A Rue Yves Saint Laurent onde estão o museu e o Jardim Majorelle tem várias lojas e também muito linda para fotos. A loja mais famosa é a 33 Majorelle, uma espécie de Colette de Marrakech. Tem uma curadoria de produtos bem interessantes, amei as bijoux. http://www.33ruemajorelle.com

Outra loja bem legal que nós fomos foi a Soir de Marrakech, uma loja de perfumes e acessórios que é puro charme. http://www.benchaabane.com
Depois de visitar o Jardim Majorelle fica difícil achar outro jardim bonito, então o Jardim Secreto que fica dentro da Medina, na Rue Mouassine me decepcionou.
Outro museu que visitamos foi o Dar El Bacha ou Musee des Confluences. Dentro da Medina é um dos mais belos palácios de Marrakech. Foi a residência de Thami El Glaoui, nomeado Pasha (alta autoridade, governador) de Marrakech por um decreto do Sultão Moulay Youssef em 1912. Foi apelidado de “Senhor do Atlas” e conhecido como um dos mais importantes Pasha do Marrocos. Com o seu trabalho ajudou na pacificação do Marrocos em nome do protetorado francês. No seu palácio eram oferecidas várias recepções tendo participado inclusive o Primeiro-Ministro Winston Churchil.
O museu foi inaugurado em 2017 e é possível apreciar a beleza de sua construção. No acervo arte do islã como escritos e cerâmicas. As suas paredes de mosaicos e as portas e tetos decorados com madeira de cedro são belíssimos.

Por fim, a louca dos museus foi conhecer o Dar Si Said, o Museu Nacional da Tecelagem e Tapetes, na Rue de la Bahia, que possui no seu acervo, além de tapetes fabulosos, uma rica coleção de artesanato marroquino.
A área externa do museu tem um jardim com fonte e gazebo lindos.

De enlouquecer em Marrakech são suas portas. Uma mais linda que a outra. A cada dez minutos tem que parar para fotografar, não dá para resistir!
Até a porta do banheiro do quarto era linda!
Um detalhe interessante que o guia me explicou é que as portas são partidas e abrem de diversas maneiras, conforme a época do ano. No calor do verão abrem totalmente, no inverno apenas uma pequena parte para proteção contra o frio.

Deixo para outro post o registro dos restaurantes que fomos e um passeio no oásis Palmeraie, como também o hotel de sonho La Mamounia.
Não imaginava que iria gostar tanto de Marrakech. Três dias são suficientes para conhecer a cidade, mas queria ter ficado mais. Curtir mais seus bares e restaurantes lindos que pesquisei e não deu tempo de ir em todos. Flanar pelos seus souks, me aventurando sozinha sem medo de me perder, porque senti o quanto é seguro. E, principalmente, pelo seu povo que me cativou e ainda com o plus de poder treinar o meu francês enferrujado de 3 anos sem uso.
Agora entendo porque Yves Saint Laurent amava tanto Marrakech e quis que suas cinzas repousassem lá. É um lugar especial, mágico, que ficará para sempre na minha memória.
Que maravilha! Lugar lindo, e melhor ainda se te sentisse acolhida e encantada.
Ansioso pelo post sobre hotel e restaurantea, e também para ver os caftans.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Obrigada pelo comentário! Sim, em breve os próximos posts e os caftans vc vai ver ao vivo! Beijos
CurtirCurtir
Boa tarde Adorei seu post muito interessante parabéns eu e minha esposa vamos a marrakesh em outubro e eu já tinha decidido a ficar em hotel fora Medina pois lá dentro e labirinto e temos medo nos perdermos e eu estava a procura de um bom guia para passarmos 2 dias inteiros ali conhecermos os pontos turísticos e comprarmos oleo argan legítimo e tapetes tb e eu li que vc contratou um ótimo guia vc poderia me fornecer o telefone e e-mail desse guia para contrata ló? Vc descobriu ele como? Foi indicação do hotel vc ficou? Desculpe te incomodar mas é a primeira vez vamos a um país fora da Europa que já fomos diversas vezes e agradeço se puder me informar o contAto desse guia muito obrigado e mais uma vez parabéns pelo post está ótimo aguardo retorno boa tarde
CurtirCurtir
Olá! Eu não tenho o contato do guia, infelizmente. Quando cheguei no aeroporto de Marrakech havia vários guias oferecendo serviço e um se aproximou e falou em espanhol. Como o meu inglês é muito básico prefiro guias em portugues ou espanhol. Contratei ele ali na hora mesmo e combinamos no meu hotel, no outro dia, para fazer o tour. Não foi ele que apareceu, ele mandou um colega, que foi muito bom, gostamos do serviço. Marrakech é uma cidade muito segura, não se preocupe, o povo é muito simpático. Acredito que vc pode conseguir um guia previamente conversando com o seu hotel ou pesquisando no instagram, hoje tem muitos guias nesta plataforma. Desculpe não poder lhe ajudar e muito obrigada pelo comentário.
CurtirCurtir