Continuando a minha viagem por Berlim, os outros post você lê aqui Hotel Adlon Kempinski – Berlim, aqui A Ilha dos Museus – Berlim, e aqui Berlim – parte I, fui conhecer o que sobrou do Muro de Berlim.
Após a 2ª Guerra Mundial, Berlim foi ocupada por americanos, ingleses e franceses (aliados) e soviéticos, porém a convivência se tornou insustentável, pois os soviéticos (socialistas) eram muito diferentes dos americanos (capitalistas).
Então, em 1961 foi construída uma barreira física (primeiro alambrado, depois muro de tijolos, por fim muro de concreto), com 155 km de extensão, entre 3,5 e 4 metros de altura, dividindo assim a cidade de Berlim em duas partes, criando o lado ocidental (capitalista) a República Federal Alemã (RFA) e o lado oriental (socialista) a República Democrática Alemã, que de democrática não tinha nada, as pessoas queriam fugir para o lado capitalista, já que possuía melhores condições de vida, mas era proibido, muitos morreram tentando pular o muro fugindo do socialismo. Interessante que nunca ninguém quis pular do lado ocidental (capitalista) para o lado oriental (socialista), mas ainda tem gente que defende ou gosta do comunismo.
Finalmente, em 1989, após 28 anos, com a abertura da fronteira entre Áustria e Hungria, surgiram inúmeras manifestações e a restrição de passagem acabou, o muro começou a ser demolido. Me lembro de ter assistindo pela televisão, as pessoas em volta do muro pulando, dançando, com marretas, picaretas destruindo o muro, felizes com a queda de mais um absurdo da história da humanidade.
A ideia inicial era destruir o muro todo, depois se chegou a conclusão de que algumas partes deveriam ficar como lembrança desse horror, como exemplo para as futuras gerações. Então, em alguns locais da cidade encontramos partes do muro. A parte mais extensa e famosa do Muro de Berlim fica ao longo do Rio Spree e tem 1.316 metros.
Assim que essa parte foi mantida, artistas do mundo todo começaram a pintar o muro, dividindo-o em pedaços, como se fossem telas e se criou a East Side Gallery, uma verdadeira galeria de arte a céu aberto, situada entre a ponte Oberbaumbrücke e a estação de trem Ostbahnhof.
A pintura mais famosa é a conhecida por “O Beijo“, de 1990, onde o líder soviético Leonid Brezhnev e o líder da Alemanha Oriental Erich Honecker estão se beijando. O grafite feito pelo artista russo Dmitri Vrubel boi baseado em uma foto de 1979, já que é comum na cultura russa os homens se cumprimentarem dando um “selinho”. A partir desse fato o artista fez uma ironia intitulando a obra de “Meu Deus, ajude-me a sobreviver a este amor mortal”, escrito na obra em russo e em alemão.
Ao lado do muro está a ponte mais linda de Berlim, a Oberbaumbrucke, cuja tradução é “Ponte de Árvore da Correnteza”, já que a sua primeira versão, de 1770 era de madeira. Ela fazia a ligação entre o lado oriental e ocidental. A ponte atual é de 1896, tem dois pavimentos, duas torres e o seu estilo é o gótico.
Atravessando a ponte para o lado ocidental, encontramos o lindo canal do bairro Kreuzberg
Próximo a Ilha dos Museus e ao bairro Nikolaiviertel está a Alexanderplatz. Fomos para conhecer, já que é uma praça famosa de Berlim e para jantar. A Alexanderplatz era uma das minhas opções de hospedagem quando estava planejando a viagem, ainda bem que não fiquei lá. Não tem charme e a noite é “esquisito”, não é um lugar que eu me sentiria segura para voltar para o hotel toda noite.
Na praça, só a fonte é bonita
Tem um chafariz com jatos de “águas dançantes”, onde as crianças adoram brincar.
A Prefeitura de Berlim, a Rote Rathaus
Mas o entorno não é legal, lojas de eletrônicos, restaurantes sem bossa, enfim não gostei. Só que fomos para jantar em uma das atrações da cidade, a Berliner Fernsehturn, a Torre de TV, que tem um restaurante giratório no topo.
A Torre de TV foi inaugurada em 1969 pela RDA como um símbolo da cidade oriental, representava o “triunfo do socialismo”. É a construção mais alta da Alemanha, tem 368 metros de altura até a ponta da antena e o seu observatório está a 203 metros. Foi construída em formato de esfera para lembrar o satélite soviético Sputnik e com a cor vermelha do socialismo. Porém, as suas placas refletem o formato de uma cruz, em qualquer ângulo que se olhe (ótimo castigo). Por esse fato, os arquitetos não foram convidados para a inauguração, porém não foi de propósito. A torre recebe 1 milhão de visitantes por ano e funciona das 9:00 à meia noite.
Comprei o ticket antecipado no próprio site da torre para jantar no restaurante Sphere, que fica a 207 metros de altura, pelo site http://www.tv-turm.de Escolhi a mesa ao lado da janela ao preço de 23,50 euros por pessoa. Esse ticket dá direito a entrar sem fila e acesso ao observatório que fica embaixo do restaurante (no mezanino). O consumo do restaurante é à parte.
Reservei para s 19h para ver o por do sol, o dia estava lindo, limpo, a visibilidade excelente. A vista lá de cima é realmente muito bonita. Como o restaurante é giratório a vista da cidade é 360°. Quando eu sentei me senti um pouco tonta, depois acostumei. A comida era boa, mas não achei uma experiência imperdível. Eu achei o restaurante feio e sem charme, mas também não é aquele clássico “pega turista”, muitos berlinenses vão quando querem comemorar uma data especial. Para quem quer ter uma visão da cidade completa, acho suficiente ir só no observatório.
Uma das coisas que mais gosto de fazer em cidade que tem rio é um passeio de barco. Toda vez que fui a Paris fui no Bateaux Mouche (adoro). Em Berlim tem vários tipos de passeio, o mais popular é o que sai do pier atrás da Catedral, na Iha dos Museus. O ingresso se compra na hora, tem passeios de 1 hora até 4 horas de duração. Escolhi o de 1 horas para ver os principais pontos da cidade pelo rio Spree.
O nosso barco era muito legal, pequeno, as cadeiras pareciam dos cafés de Paris. Não tinha audioguide e sim uma guia que falava no microfone sobre os monumentos, primeiro em alemão, depois em inglês. Tinha também um pequeno bar que vendia água, suco e cerveja.
O passeio é lindo, eu amei! Abaixo, no início, passando encostado a catedral de Berlim.



A parte moderna dos prédios governamentais como a Chancelaria.
Na parte moderna de Berlim (ocidental), fomos na Potsdamerplatz, onde tem o Sony Center, um complexo com cinemas, lojas e restaurantes.
Como já havia comentado, a parte moderna de Berlim não me agradou, quem sabe em uma próxima vez, explorando outros pontos eu mude de opinião.
Outro ponto que também me surpreendeu em Berlim foi a comida. Comi muito bem em todos os lugares que estive, verdade seja dita, só comi culinária alemã em um dia, porque não tinha outra opção! Berlim é uma cidade cosmopolita e isso se reflete na sua oferta gastronômica. Tem restaurantes para todos os gostos e bolsos, mesmo porque Berlim é uma capital barata, comparada a outras que já estive (Paris, Londres, Roma).
Então, basicamente, fui a restaurantes italianos e de frutos do mar, meus preferidos e comi muito bem. Pratos saborosos, bem feitos, ambientes bonitos e atendimento muito simpático.
O top da lista é o Bocca di Bacco, na Friedristrasse, a 900m do Portão de Brandemburgo e do meu hotel. Essa rua e o seu entorno é fantástico para comer, tem muitas opções de restaurantes bons.
Gostei tanto do Bocca di Bacco que fui duas vezes, almoço e jantar.
Nessa mesma rua, Friedrichstrasse, tem o Crackers, mix de restaurante, bar, balada. Amei! O portão de ferro na calçada quase não dá para ver, tem que tocar a campainha e a entrada é pela cozinha.
Lá dentro é lindo e a comida ótima.
Outro que gostei muito foi o restaurante Austernbank, na Behrenstrasse, especializado em frutos do mar, delicioso.
E o restaurante mais lindo que nós fomos, o Charlotte & Fritz, no Regent Hotel, que fica na Charlottenstrasse, comida, ambiente e atendimento fantásticos.
Nessa mesma área, voltando a Friedrichstrasse, tem outro ponto de interesse, o Check Point Charlie. Era o posto militar da fronteira ocidental/oriental durante a Guerra Fria. Era o terceiro dos 3 postos utilizados pelo aliados. Charlie – é o nome da letra C no alfabeto fonético internacional. Hoje há uma reprodução da cabine original que tinha a placa: “você está deixando o setor americano”. Ao lado tem um museu com história e fotos da época do muro e da guerra fria. Mas, como é preciso viver do turismo, hoje tem “dois soldados” lá que por 2 euros você pode bater uma foto, com direito a quepe e continência.
Perto do Portão de Brandemburgo, atrás do Hotel Adlon, tem o Memorial do Holocausto, um espaço ao ar livre com 2.711 blocos de concreto para lembrar os judeus mortos pelo nazismo, foi inaugurado em 2005.
Por fim, o último lugar que visitei em Berlim, o Reichstag, a sede do parlamento Alemão. Eu não tinha certeza se queria ir, então fui deixando, só que na véspera de ir embora resolvi que queria conhecer. Não dava mais tempo para agendar a visita, tem que ser com no mínimo 3 dias de antecedência já que tem que informar o número do passaporte para conferência por questão de segurança. Mas, como o Concierge do Hotel Adlon consegue qualquer coisa, ele reservou para almoçar no restaurante Käfer, que fica dentro do Parlamento e tem acesso a sua famosa Cúpula com terraço e linda vista.
Foto do ensaio panorâmico com @fotografobrasileiroemberlim
Berlim certamente não é uma cidade que se esgota em 6 dias, faltou muita coisa para conhecer: palácios, museus, galerias, outros bairros, mas, fico feliz, porque assim tenho bons motivos para voltar.