Em abril de 2016 fui a Lisboa pela primeira vez e me apaixonei pela cidade. Fiquei tão encantada que na volta já comprei uma passagem para o mesmo ano, para retornar em setembro. Me senti muito bem em Portugal, especialmente Lisboa. Os portugueses gostam muito dos brasileiros e nos recebem com muito carinho.
A culinária portuguesa é fantástica, amo bacalhau, o seu prato mais famoso e lá o experimentei de diversas formas. Também os peixes e frutos do mar são muito frescos e saborosos em Lisboa, cidade que tem uma oferta incrível de bons restaurantes.
Como era a primeira vez na cidade, quis conhecer alguns de seus restaurantes famosos, badalados e típicos, um pouco de cada, como faço em cada cidade que vou. Conhecer os diversos tipos de ambientes em diferentes bairros para ter uma ideia geral da cidade, para não ficar restrita a um só bairro ou região. Me hospedei no Hotel Sofitel na Avenida da Liberdade. Lisboa não é uma cidade grande, a partir do hotel me desloquei de táxi algumas noites, sempre a uma curta distância de carro. Não escrevi sobre todos os restaurantes e bares que fui, completarei em um próximo post.
E, como Bacalhau é a estrela da culinária local, vou contar onde comi o melhor bacalhau da minha vida!
Laurentina – “O Rei do Bacalhau”: Merece o nome, porque eu nunca tinha comido um bacalhau tão delicioso. O marido prepara bem um bacalhau, assado de forno com batatas, que nós chamamos de “Bacalhau à Gomes de Sá” – descobri lá que esse prato é de panela, nada a ver com o nosso. O ambiente do restaurante é comum, nem feio, nem bonito. Seu atendimento é muito simpático e para comer pedi Bacalhau à Brás, desfiado com batata ralada, gratinado, que eu não conhecia e viciei, comi depois uns 87 pratos desse, hahaha! O marido pediu Bacalhau à Laurentina, posta de bacalhau alta com batatas ao murro, assado no azeite. Compartilhamos e os dois estavam divinos! Sério, comi bacalhau em muitos outros restaurantes de Lisboa (e Portugal) todos muito bons, mas o do Laurentina é superior, inesquecível.
Com o nosso querido guia privativo, o português Joel Noivo, que virou amigo.
O Laurentina vive lotado, almoço e jantar. A sobremesa mais famosa é a Baba de Camelo! Um creme de caramelo de matar de bom, tem que provar!
Laurentina: Av. Conde Valbom, 71, Praça de Espanha – Horário: 12:00 – 23:00 horas, todos os dias. Site: http://www.restaurantelaurentina.com
Tavares: Foi o restaurante mais bonito que conheci em Lisboa. É um dos restaurantes mais antigos da Europa, desde 1784 e dos irmãos Tavares desde 1823. Parece um palácio. Era frequentado por Eça de Queiroz e por ser fã de sua obra que resolvi conhecer Lisboa. Atendimento impecável, pratos muito bem feitos. Li algumas críticas de que a comida não era boa, estava decadente, não foi isso que senti, pedi um peixe que estava delicioso, ambiente muito lindo, só não estava lotado. É um restaurante refinado e caro, imagino que seja o motivo.
Fomos os primeiros a chegar, depois algumas mesas foram ocupadas.
Tavares: Rua da Misericórdia, 37, Chiado. Horário: 19:00 às 23:00 horas, fecha Domingo. Site: http://www.restaurantetavares.pt
Cervejaria Ramiro: Essa dica quem me deu foi o Chef Allyson Muller (Restaurantes Artusi e Rosso) de Florianópolis e me disse: “vai, é imperdível.” Tinha toda a razão. Já fui nesse restaurante três vezes. MELHOR FRUTOS DO MAR DE LISBOA. Não tem igual, conheci outros, nenhum bate o Ramiro. Vive lotado. Fui todas as vezes para almoçar, não aceita reservas, um pouco antes das 12h já ficava esperando na porta e a fila começou a se formar, uma loucura! É uma instituição em Lisboa, faz parte da história da cidade.

O Ramiro tem um aquário com lagostas, caranguejos, ouriços, todo o tipo de peixe e frutos do mar, super frescos e muito bem preparados. Comi de entrada caranguejo (a carne das patas e a pinça) e na sua carapaça vem um molho para passar no pão que é de morrer. De prato pedimos sempre lagosta, preparada de várias formas, uma perdição!




E depois no prato, não morreu em vão, estava divina!
Cervejaria Ramiro: Av. Almirante Reis, 1 – Mouraria. Horário: 12:00 às 0:30 horas, fecha segunda-feira. Site: http://www.cervejariaramiro.pt
Amo o Chiado e Bairro Alto, são meus bairros preferidos em Lisboa e a oferta de restaurantes e bares é incrível. Praticamente um ao lado do outro. A noite lisboeta ferve, muita gente nas ruas, adorei. Fui em alguns (Tavares é um deles) e quero compartilhar.
Largo: Cozinha mediterrânea, ambiente moderno, cool, um corredor com aquários de medusas e no final do salão uma foto/plotagem de uma boca aberta como se fosse te engolir, muito legal. Pedi de entrada um ovo com espuma de batata e crocante de pato. Vocês não tem ideia de como era bom! Tenho vontade de voltar lá só comer essa entrada, umas três: de entrada, prato principal e sobremesa! Era uma coisa de boa, inesquecível.

Com o aquário, do lado da nossa mesa, que vai mudando de cor (azul, verde) e cheio de água-viva (medusa).
Largo: Rua Serpa Pinto, 10, Chiado. Horário: 12:30 às 15:00 e das 19:00 à 0:00 horas. Fecha Domingo. Site: http://www.largo.pt
Palácio do Chiado: É um palacete lindo que foi restaurado e tinha inaugurado naquele mês (abril de 2016), super novidade que eu fui conhecer. É como um mini shopping gourmet. No térreo umas cinco opções de comida (hamburgers, vegan, japonesa, carnes), que você pede no balcão, quando está pronto chamam por uma senha e você come nas mesas no pátio central do palácio. No andar de cima tem três restaurantes (japonês, steak house, embutidos) e no meio um bar de champanhe lindo – Espumantaria do Mar. Fomos um dia almoçar (no pátio central) e em outro no final de tarde para um champanhe.


No pátio central, no térreo, onde fomos almoçar

Pavilhão Chinês: Um lugar incrível, totalmente inusitado, diferente, que eu amei conhecer. Fica no Príncipe Real na divisa com o Bairro Alto. O colecionador Luis Pinto Coelho resolveu abrir o bar para ter um local onde colocar e expor as suas coleções de objetos dos séculos XVIII ao XX. São esculturas, miniaturas, brinquedos, porcelanas, quadros, distribuídos em cinco salas, um espetáculo visual incrível. Serve bebidas, coquetéis, chás, petiscos, sanduíches.
São tantas as peças pelas paredes, do chão ao teto e pelas estantes, que a gente não consegue parar de olhar!
Pavilhão Chinês: Rua Dom Pedro V, 89, Príncipe Real. Horário: 18:00 às 02:00 horas, todos os dias.
Pensão Amor: o bar mais legal que conheci em Lisboa, fica a poucos passos da Pink Street. Um antigo bordel que hoje é muito mais que um bar. Tem espaço para shows, apresentações burlescas, cartomante, sex shop. O ambiente é lindo demais! Várias salas, na que eu fiquei tinha um teto pintado, sofás e cadeiras de veludo, ótimos drinques. Está sempre lotado. Imperdível!

Pensão Amor: Rua do Alecrim, 19. Horário: 14:00 às 3:00 horas, todos os dias. Site: http://www.pensaoamor.pt
Lisboa à Noite: No Bairro Alto, restaurante que parece uma adega, com lindos painéis de azulejo e comida deliciosa, bacalhau (olha ele aí de novo) muito bem feito, excelente opção para jantar.
Lisboa à noite: Rua das Gáveas, 69, Bairro Alto. Horário: 19:30 à 1:00h, fecha Domingo.
Eleven: Restaurante gourmet, com 1 estrela Michelin, localizado no Parque Eduardo VII, acima da rotatória do Marquês de Pombal. Do Chef Joachim Koerper. Ambiente clean, atendimento perfeito, comida boa, vale se você é fã da alta gastronomia.
Eleven: Rua Marquês da Fronteira, Jardim Anália Rodrigues. Horário 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 23:00 horas. Site: http://www.restauranteleven.com
Gambrinus: Restaurante que considero imperdível, uma verdadeira instituição lisboeta. Palco dos importantes acontecimentos sociais, políticos e econômicos da cidade. É um clássico, com lindos vitrais, peças de antiguidade e porcelanas Companhia das Índias. Localizado na Baixa, junto ao Rossio e ao Teatro D. Maria II. Comemos uma das especialidades da casa, a sopa rica de peixe, é uma caldeirada de peixe e frutos do mar, uma maravilha!
Gambrinus: Rua das Portas de Santo Antão, 23. Horário: 12:00 às 1:30 horas, todos os dias. Site: http://www.gambrinuslisboa.com
Olivier Avenida: Dentro do Hotel Tivoli Jardim, não confundir com o Tivoli da Avenida da Liberdade, fica ao lado. Esse restaurante é fantástico, bem o tipo de lugar que eu gosto, ambiente moderno, escuro, música alta, lotado de gente bonita, comida boa, badalado. Do Chef Olivier famoso em Lisboa com outros restaurantes também.
Olivier Avenida: Rua Júlio Cesar Machado, 7, Hotel Tivoli Jardim. Horário: 12:30 às 15:00 e das 19:00 à 01:00h. Fecha Domingo. Site: http://www.restaurantesolivier.com
Sky Bar: no rooftop do Hotel Tivoli, na Avenida da Liberdade, é maravilhoso. Vista linda, boa música, amei! Peguei o sunset e estava um dia bem frio, mas o bar, a céu aberto, tem matinhas e aquecedores para espantar o frio, foi bom demais!
Sky Bar: Hotel Tivoli, Avenida da Liberdade, 185. Fecha de Outubro a Março.
Bica do Sapato: No cais de Santa Apolônia, linda vista, ambiente moderno, depois lotou (tinha uma festa), gente bonita, comida boa. O ator John Malkovich é um dos sócios. De entrada pedi Ameijoas a Bulhão Pato, outro prato que viciei em Lisboa. Ameijoas é o vôngole (em Florianópolis berbigão), só que bem maior e de gosto mais suave. É servido ao bafo com temperos (à moda Bulhão Pato) ou com massa, geralmente espaguete. Muito bom!
Bica do Sapato: Av. Infante Dom Henrique, Armazém B, Cais de Pedra, Santa Apolônia. Horário: 12:00 à meia noite, segunda só jantar, domingo só almoço. Site: http://www.bicadosapato.com
Museu da Cerveja: Primeiro restaurante que fui em Lisboa. Chegamos final de tarde na cidade, arrumamos as coisas no hotel e saímos para jantar. O que eu fiz? Esqueci o celular! Fazer o que? Ainda bem que tem a internet para me salvar. Adorei o ambiente, é lindo demais!!! A comida e o atendimento ótimos. É um lugar muito legal, diferente, que vale a pena conhecer. Público de todas as idades, mas prevalece o jovem. Fica na Praça do Comércio, fui a pé.



Museu da Cerveja: Praça do Comércio (Terreiro do Paço), Ala Nascente, 62. Horário: 12:00 às 0:00 horas, todos os dias. Site: http://www.museudacerveja.pt
Chapitô à Mesa: Quando estava em Lisboa, em abril, liga a amiga Ana, portuguesa que mora em Miami, dizendo que ia visitar os pais (desculpa hehehe) o motivo mesmo era para me encontrar na terrinha, adorei! Combinamos no Chapitô, um mix de bar, restaurante, projeto cultural, muito legal. Ao lado do Castelo de São Jorge, com uma vista linda.
Eu, Henriqueta (mãe da Ana), Ana no centro e a prima dela na ponta. Noite animada.
Chapitô à Mesa: Costa do castelo, 7, Alfama. Horário: 12:00 às 24:00 todos os dias. Site: http://www.chapito.org
Bistro 100 Maneiras: do Chef iugoslavo Ljubomir Stanisic, ambiente descolado, várias premiações em revistas especializadas, preferência pelos ingredientes da estação, vale a pena, pratos muito saborosos.
Bistro 100 Maneiras: Largo da Trindade, 9. Horário: 12:00 às 2:00 horas, todos os dias. Site: http://www.100maneiras.com
The Decadente: Em frente ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, no bairro Alto, quase no Príncipe Real, região que eu amo em Lisboa, um mix de bar, restaurante, terraço para happy hour, ambiente bonito e descontraído. Comi um filé de entrecote que estava ótimo. Um palacete antigo, várias salas para drinques, público majoritariamente jovem, muito bom!
The Decadente: Rua São Pedro de Alcântara. Horário: 12:00 às 15:00 e das 18:00 às 0:00 todos os dias. Site: http://www.the decadente.pt
Tágide: O melhor restaurante que eu conheci em Lisboa. Fomos na última noite (abril) para fechar com chave de ouro nessa cidade que eu amei conhecer. Ele leva o título de melhor pelo conjunto da obra: ambiente lindo, comida excelente, atendimento perfeito e uma vista de cinema. Reservei para às 19:30 horas, horário de abertura, porque queria ver o anoitecer. Frisei que queria uma mesa no terraço, de frente para o Tejo e consegui (são poucas). Que sonho, que vista mais linda! O céu vai mudando de cor, de emocionar.
Aqui, comi novamente Ameijoas à Bulhão Pato, que delícia.
Tágides são as ninfas do Tejo a quem Camões na sua obra os Lusíadas pediu inspiração: “…e vós, Tágides minhas, pois criado, Tendes em mim um novo engenho ardente…”
Tágide: Largo da Academia de Belas Artes, 18, Chiado. Horário: 12:30 às 15:00 e das 19:30 à meia noite. Site: http://www.restaurantetagide.com
Martinho da Arcada: na Praça do Comércio, que os portugueses chamam de Terreiro do Paço, onde tem o Arco da Augusta e quase ao lado do Museu da Cerveja. Queria muito conhecer porque é o café mais antigo de Lisboa em atividade. Dizem que foi inaugurado pelo Marquês de Pombal, em 1782 e era o café que Fernando Pessoa frequentava, tendo até hoje a sua mesa. Fomos para almoçar.
Deixei o Martinho por último para contar porque não podia imaginar que seria a experiência mais maravilhosa que tive até hoje em um restaurante. Foi emocionante! Quando chegamos o proprietário veio pessoalmente nos atender e a empatia foi imediata. Antônio é um português muito simpático que adora os brasileiros, já morou no Brasil e ficou na “nossa mesa” e não saiu mais! Boa conversa regada a muito vinho do Porto, branco para abrir o apetite, tinto para fechar, ele que nos ensinou.
A mesa de Fernando Pessoa, ninguém mais usa, está sempre assim, pronta para ele
Comida maravilhosa (Bacalhau ao Brás – de novo), foi aqui que viciei no patê de sardinha com pão, coisa boa.
No final, Antônio nos mostrou o Livro de Ouro do Martinho e pediu para o marido escrever. Ficamos muito emocionados. Só os frequentadores “ilustres” ou “habitués” tem essa honra!
Antônio fez questão de nos levar à porta para se despedir! Um dia para guardar no coração, memórias afetivas que vamos colecionando pelo mundo.
Martinho da Arcada: Praça do Comércio, 3. Horário: 12:00 às 15:00 e as 19:00 às 22:00 horas, fecha domingo. Site: http://www.martinhodaarcada.pt
Poucas cidades no mundo realmente me emocionaram, Lisboa é uma delas (Paris a outra). Por ser portuguesa a maior parte da minha ascendência, me identifiquei muito com a cidade e o seu povo. Me senti acolhida, me senti em casa, como que retornando ao meu lugar. E parte da cultura de um povo é a sua gastronomia. Prová-la nas suas mais variadas formas é também conhecer a sua alma. Cozinhar é um ato de amor. E o que se leva da vida, é o que se come e o que se bebe. E os amigos que fazemos pelo caminho.
