Ahhhh como eu amei Sintra. Tinha muita vontade de conhecer e não me decepcionou. Interessante que é um lugar com ar bucólico, geralmente não gosto de lugares bucólicos, mas Sintra é diferente, tem história e charme. Além de seus palácios, que considero visita obrigatória, passear pelas ruazinhas do centro é bom demais.
Como eu e o marido não alugamos carro em viagem, (até agora – penso seriamente em mudar), na realidade uma vez na Flórida com amigos e outra vez na Califórnia com o namorado (hoje marido), mas achei tão estressante que não aluguei mais.
Para ir a Sintra contratei o motorista português Joel Noivo (com página no facebook JCN Freelancer Tours), que de tanto nos atender virou amigo, mantemos contato até hoje. Só que o dia agendado para irmos a Sintra choveu e como ir lá com chuva não é legal, o querido Joel se dispôs a nos levar no domingo, dia de sua folga, porque estava marcando tempo bom. Só tinha um detalhe: ele tinha que levar a mulher: problema nenhum, a Susete é um amor de portuguesa, rimos o dia inteiro, foi ótimo!
E realmente, nem pensar dirigir em Sintra. As ruas são muito estreitas, eu chegava a fechar olhos e dizer: não vai passar! Mas passava, às vezes recolhendo os retrovisores, uma loucura. Joel que conhece tudo, deixava a gente na porta dos palácios e depois nos buscava, maior conforto.
Só que antes de chegar em Sintra passamos por Queluz, que é caminho, para conhecer o seu palácio.
O Palácio Nacional de Queluz tem a sua história interligada com a do Brasil já que foi aqui que nasceu e morreu Dom Pedro I. A construção do palácio começou em 1747, em estilo rococó, para ser a residência de verão de Dom Pedro de Bragança, consorte de D. Maria I “a louca”, tendo sido terminado primeiro os jardins.
O dia alternava entre céu limpo e nuvens escuras, mas pelo menos não choveu!
Com essas nuvens eu pensei: pronto, agora vai desabar o mundo, mas não, depois foram embora, foi só para “estragar” as minhas fotos mesmo. Abaixo no Canal dos Azulejos.
Em 1794 o Palácio se tornou a residência oficial da Família Real Portuguesa.


Quarto D. Quixote. Foi aqui que nasceram todos os filhos de D. João VI e d. Carlota Joaquina. Dom Pedro I nasceu em 1798 e morreu nessa cama em 1834.
Saímos de Queluz e fomos para Sintra, chegamos no centrinho e fomos passear.
Na Pastelaria Periquita, famosa por suas queijadas e travesseiros (doce de massa folhada com recheio de creme de amêndoas). Desde 1862, parada obrigatória em Sintra.
Depois, comecei o tour pelo Castelo dos Mouros. Tinha a imagem da Minissérie os Maias, da Rede Globo, baseada na obra de Eça de Queirós, em que uma cena foi filmada aqui. É um castelo em ruínas, mas o visual é incrível, não me decepcionou, é muito legal!
O Castelo de Sintra, conhecido por Castelo dos Mouros é uma construção medieval, feita pelos Mouros no século IX, quando dominavam Portugal com o objetivo de guardar e proteger a cidade de Sintra. Porém, depois perdeu a sua característica estratégica e foi abandonado, mais um terremoto e um incêndio acabaram por deixá-lo em ruínas.
Fui até o topo do castelo, nas duas extremidades, são escadarias bem estreitas e íngremes e é difícil para duas pessoas passarem ao mesmo tempo, então quando tem alguém na contramão, aconteceu comigo, a gente tem que se agarrar para passar com cuidado e não cair, porque dá medo, já que não tem guarda corpo!
Só me lembrava da Tia Gina (única irmã da minha mãe, que não sobe e desce escadas, nunca). Para ir no Castelo dos Mouros e aproveitar o seu visual lá de cima tem que ter preparo físico ou como dizem os portugueses: força nas canetas (pernas)!

Seguimos então para o Palácio da Pena, atração mais famosa e visitada, a única que peguei fila. A sua edificação é polêmica, do tipo ame ou odeie. Confesso que isoladamente achei brega, mas no contexto da cidade, no alto, pela história, chama a atenção, fica bem interessante. É o cartão postal de Sintra.
O Palácio da Pena foi construído por Dom Fernando, marido de D. Maria II (filha mais velha de Dom Pedro I e D. Maria Leopoldina) que se encantou pelo lugar. Terminado em 1850, tem estilo romântico e elementos neo-árabes, se constituindo de uma “harmonia única”. A ala do antigo convento é pintada de vermelho e a ala nova de amarelo. Foi o último palácio a ser construído pela dinastia Bragança e era destinado a residência de verão.
É muito difícil fotografar no Palácio da Pena. A visita é feita em fila. São centenas de pessoas andando uma atrás da outra. no centro, enquanto os cômodos e objetos ficam dos lados direito e esquerdo.
A parte que eu achei mais interessante foi a cozinha, com todos os seus apetrechos usados pela família real na época.
Para se ter uma ideia do tamanho do Palácio da Pena e de seu contexto na cidade só é possível em uma vista aérea

A próxima atração que eu visitei em Sintra foi a que eu mais gostei. A Quinta da Regaleira. O local que pertencia a Viscondessa da Regaleira e foi adquirido e ampliado pelo Dr. Antônio Augusto de Carvalho Monteiro, conhecido por “Monteiro dos Milhões”, em razão da sua fortuna. O palácio foi inaugurado em 1912. Homem culto, de espírito científico, bibliófilo notável, colecionador e filantropo. Por ser místico construiu nos jardins diversos elementos interessantes sendo o mais incrível o Poço Iniciático (para rituais de iniciação na Maçonaria).
O palácio está vazio, só uns poucos objetos, mas a sua arquitetura é tão linda e o misticismo que envolve a sua história tão interessante que considero o lugar imperdível para se visitar em Sintra.
O Poço Iniciático na Quinta da Regaleira

Demos uma passada para conhecer o Hotel Tivoli Palácio de Seteais, é lindo, tenho vontade de dormir uma noite em Sintra da próxima vez, para sentir a magia dessa cidade à noite que deve ser incrível e quero me hospedar aqui. No seu exterior tem um jardim com colunas que de um lado tem uma vista linda do vale de Sintra e do outro cria uma moldura com o Palácio da Pena, fazendo um porta retrato da natureza que é maravilhoso!

O último local que visitamos foi o Palácio de Monserrate, o mais bonito palácio de Sintra. Na área, que pertencia ao Hospital de Todos os Santos de Lisboa, em 1540, existia uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate. Passou por vários proprietários até ser adquirida por Francis Cook, milionário inglês do ramo têxtil, em 1856. Construiu o palácio para ser sua residência de verão, em estilo romântico (ecletismo) com influência do gótico, indiano e mourisco.
O seu interior é lindo, as paredes todas trabalhadas
Em razão do enorme investimento que o proprietário do Palácio fez na região, o rei D. Luís I lhe concedeu o título de Visconde de Monserrate. Em 1947 o palácio foi vendido pela família e posteriormente adquirido (1949) pelo Estado Português. Declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1995.
Os jardins exóticos são lindos.
Entre as visitas aos palácios, para almoçar, escolhi o Lawrences, restaurante do hotel de mesmo nome, citado na obra Os Maias, de Eça de Queiroz, onde é imperdível o Bacalhau (claro) acompanhado de um Colares, o maravilhoso vinho português dessa região de Sintra. Com Susete e Joel, amigos pelo mundo.
Para encerrar esse domingo especial, fomos no Preto, comprar suas famosas queijadas, doce enformado feito com queijo ou requeijão, ovos, leite e açúcar. Mais uma instituição de Sintra.
Sintra é um lugar maravilhoso, imperdível para quem vai a Portugal. Ao lado de Lisboa, um delicioso passeio bate e volta.