Aos vinte e poucos anos a minha cidade preferida no mundo era New York. Na casa dos trinta e dos quarenta anos foi Paris. E hoje quase chegando ao cinquenta anos sou apaixonada por Roma. Volúvel eu? Pode ser! Mas, o tempo passa, a cabeça muda, os anseios, gostos e modo de vida também vão mudando.
Sempre amei história e arte e nisso Roma é imbatível. Adicione um povo alegre, carismático e muito engraçado e está feita a combinação perfeita para dias de viagens que foram sempre muito especiais.
Estive em Roma quatro vezes. Cada vez em um hotel diferente. Lunetta, Babuíno 181, Art by Spanish Steps e Russie (indico o Babuíno e o Russie). Os três últimos na região que mais gosto de ficar, na ligação entre a Piazza del Popolo e a Piazza di Spagna.

Roma tem muito o que ver e fazer. Nesse post vou mostrar uma parte do que vi na cidade nos meses de junho de 2013, março e junho de 2017 e agosto de 2018.
O Hotel que mais gostei de ficar em Roma foi sem dúvida o Russie. A localização colada à Piazza del Popolo, a beleza, atendimento super gentil e um pátio/jardim maravilhoso para um aperitivo ou refeição, fazem dele um local perfeito para se hospedar. A tarifa, condizente com todas as suas qualidades é alta, por isso, não me hospedo lá todas as vezes. Então, tenho um plano B, o Hotel Babuíno 181, quase em frente, pequeno, estilo boutique, muito confortável, por uma tarifa ótima.

Começo com a Piazza Navona, um lugar que sempre acabo passando e então adoro fotografar nas suas lindas fontes (toda vez, não canso) e nessa praça se encontra o Museu Nacional Romano (um deles), que tem um acervo tão grande que suas obras estão abrigadas em quatro locais.

Dica: não encoste nas fontes para fotografar! Fiz isso e o cloro estragou a minha calça.
O Palazzo Altemps faz parte dos prédios (centros) que compõem o Museu Nacional Romano, fica na Piazza di Sant’Apollinaire ao lado da Piazza Navona. É um exemplo de arquitetura renascentista. O local por si só já vale a visita e no seu maravilhoso acervo tem estátuas greco-romanas e o trono de Afrodite. Foi cenário do filme “A Grande Beleza”.
Palazzo Massimo, outro centro do Museu Nacional Romano, fica no Largo Villa Peretti, na área da Piazza República. O prédio possui 4 andares, com acervo de afrescos, mosaicos, esculturas clássicas e jóias.
A Galleria Nacional de Arte Antiga se encontra na Via delle Quatro Fontane, no Palazzo Barberini. O prédio, do ano de 1623, era a casa do cardeal Maffeo Barberini que depois se tornou o Papa Urbano VIII. São obras de arte dos séculos XVI e XVII, como pinturas de El Greco, Caravaggio e Rafaello.



Cena também do filme a Grande Beleza, o quadro Fornarina de Raffaello de 1.520.
A Galeria (museu) Nacional de Arte Antiga tem um segundo prédio para o seu acervo, fica do outro lado do Rio Tibre, o Palazzo Corsini, na Via della Lungara, no bairro Trastevere, que eu amo e muito bom para passear também. O museu é lindo demais!
A villa onde se encontra o Palazzo Corsini foi adquirida em 1736 pelo Cardeal Neri Corsini, de Florença, sobrinho do Papa Clemente XII, que encomendou a sua reforma. Antes disso tinha hospedado a Rainha Cristina da Suécia quando abdicou do trono e foi morar em Roma.
Outro museu que adorei conhecer foi o Palácio e Galleria Colonna, fica na Piazza SS. Apostoli, perto do Quirinale. É imperdível! No dia que visitei estava no local o Primeiro Ministro da Itália em visita protocolar, então tivemos que esperar um pouco em outra sala enquanto ele passava. A visita é guiada, acompanhei um grupo em italiano.
O Palazzo Colonna só abre aos sábados pela manhã. A construção começou como um fortaleza no ano de 1300. Oddonne Colonna – Papa Martinho V, em 1417 fez daqui a sede do Pontificado. Depois várias gerações da família Colonna ocuparam o local, que foi sendo acrescido por 500 anos! Foi em meados de 1600 que o Cardeal Girolamo Colonna imprimiu a sua forma de palácio barroco. Aliás, os palácios mais lindos de Roma parece que eram todos de cardeais!

A Galleria Colonna possui um acervo de quadros de Pinturicchio, Tintoretto e Veronese.
Outro museu imperdível em Roma é a Galleria Borghese. Precisa comprar o ingresso online com antecedência, ou se tiver disponibilidade em Roma, ir pelo menos 3 dias antes para o agendamento de dia e horário.
A Galleria Borghese fica na Villa Borghese um imenso parque com uma área verde linda. O prédio foi construído em 1613 pelo Cardeal Scipione Borghese (eu não disse?), membro de uma das famílias mais ricas e importantes da Itália. O museu foi inaugurado em 1903.
A sala de entrada é magnífica! A Galleria conta com um acervo de esculturas e pinturas de Bernini, Da Vinci, Raffaello, Ticiano, Caravaggio. Além das obras, todo o prédio tem uma decoração linda nas paredes, tetos e portas, é incrível!
Na primeira sala tem a escultura de Pauline Bonaparte Borghese (Antônio Canova – 1805), irmã de Napoleão Bonaparte, casada com Camillo Borghese. A estátua causou um escândalo porque Pauline está nua e afirmou que foi ela quem posou para o artista, o que na época só era feito por prostitutas.
O museu tem muitas obras, isso porque Napoleão Bonaparte levou para o Louvre 300 obras do acervo da Borghese! É realmente um lugar espetacular, pela sua beleza e importância.





E uma das mais interessantes e enigmáticas personagens da História – Lucrezia Borgia

A Galleria Borghese é uma explosão de beleza, um lugar para não deixar de ir!

Palazzo Venezia, sede do Museu Nacional e do Instituto de Arqueologia e História da Arte. Fica na Via del Plebiscito, na Piazza di S. Marco. O prédio foi construído a partir de 1455 pelo Cardeal (!!!) Pietro Barbo que se tornou o Papa Paolo II. Foi escolhido por Benito Mussolini para ser a sede do governo fascista de 1929 a 1943, sendo que utilizava para seu escritório a Sala del Mapamondo, com a famosa sacada de onde fazia os seus discursos.
Quando eu fui não era permitido fotografar o interior do museu. Vocês não tem ideia da raiva que eu tenho disso! Não tem sentido, a fotografia sem flash não prejudica a obra e depois com tantos museus visitados, tanta informação, fica difícil lembrar do acervo. Se o objetivo é vender o catálogo também não tem lógica já que tantos museus pelo mundo permitem. Enfim, no site do museu tem algumas obras: 1) Cristo Pantocrator (século XIII) esmalte em latão; 2) Retrato dos Filhos de Orsini, Tiberio Titi, 1597. Fotos do site: http://www.museopalazzovenezia.benicultura.it
Galleria Palazzo Doria Pamphili, na Via Del Corso. Não confundir com o Palazzo Pamphili da Piazza Navona que também foi propriedade da família, mas vendido e desde os anos 1960 abriga a Embaixada do Brasil em Roma. O Palazzo da Via del Corso tem uma das maiores coleções de arte privada da Itália, o museu é particular, pertence a própria família, dá para acreditar? E ainda moram aqui, em uma parte do palácio, um sonho!
A falta de qualidade nas fotos de 2013 é impressionante, tenho vontade de voltar aos lugares só para fazer fotos “decentes”.
A Galleria Pamphili tem um acervo de mais de 400 pinturas que datam dos séculos XV ao XVIII de Ticiano, Raffaello, Caravaggio entre outros. O personagem mais célebre da família foi Giambattista Pamphili, cardeal (!!!) que se tornou o Papa Inocêncio X em 1644, cujo quadro pintado por Velasquez é famoso pela perfeição e detalhismo, além do semblante papal incomum.

Museus Capitolinos, na Piazza del Campidoglio, ao lado do monumento a Vittorio Emanuele. Foi o museu que eu mais gostei e como visitei em 2013, já faz tempo, quero muito voltar. Se chamam “museus” porque é um conjunto de palácios que abrigam uma vasta e importante coleção de obras de arte. O acervo se encontra no Palazzo dei Conservatori e no Palazzo Nuovo, unidos por uma galeria subterrânea.


Em 1471 o papa Sisto IV doou muitos objetos de arte antiga descobertos nas inúmeras escavações arqueológicas por Roma, inclusive várias estátuas de bronze, entre elas a Loba amamentando Rômulo e Remo, símbolo da mitologia da fundação de Roma. O museu só abriu ao público em 1734.

Os Museus Capitolinos pela importância de seu acervo é mais um local da lista de tem que ir em Roma.Quem assistiu o filme A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, lembra que tem uma cena aqui.
Museus do Vaticano. Para conhecer o museu, a Capela Sistina e a Basílica de São Pedro comprei um tour salta fila pela Civitatis com um pequeno grupo de portugueses. Nossa guia era formada em História da Arte e foi muito bom, além de não precisar ficar horas na fila para entrar, já que é imensa.
No início fomos para o terraço e jardim, depois nos museus, são chamados assim, no plural, porque as galerias de arte romana, grega, etrusca, egípcia, etc, são consideradas um museu cada uma.

Fotografar as obras é difícil, com as obras então, com milhares de pessoas em volta, quase impossível.
As paredes e os tetos dos corredores são lindos demais!

Foi uma emoção muito grande poder contemplar um acervo de obras de arte tão importante. No final do tour pelos museus nos dirigimos a Capela Sistina.
Na Capela Sistina é proibido fotografar e falar. Ficam vários seguranças pedindo silêncio e impedindo os que insistem em fazer fotos. Podemos ficar algum tempo (não lembro quanto) pois tem um número limite de entrada por vez. O marido ficou decepcionado, achou pequena. Eu não, afinal é uma “capela” e o afresco de seu teto, executado por Michelangelo de 1508 a 1512 a pedido do Papa Julio II é realmente fantástico.

Fiquei muito emocionada, os afrescos são impressionantes, as suas cores ainda tão vivas, uma experiência para nunca esquecer.

Galleria Spada na Piazza Capo di Ferro, perto do Campo dei Fiori. O palácio foi construído em 1540 pelo cardeal (!!!) Girolamo Capo di Ferro e posteriormente adquirido pelo cardeal (!!!) Bernardino Spada em 1632 e que hoje abriga a sua coleção de arte, sendo que no prédio também funciona o Conselho de Estado.
A atração principal da Galleria Spada, no entanto, está no seu exterior, no pátio. Trata-se da Colonnata ou a “Perspectiva de Borromini”, uma galeria de 9 metros de comprimento que por ilusão de ótica parece ter mais de 30 metros. Foi executada em 1653, pelo artista Francesco Borromini, utilizando cálculos matemáticos. No início a galeria tem 3 metros de altura e 6 metros de largura e vai estreitando e elevando o piso para chegar no final com 2 metros de altura e 1 metro de largura.
A escultura de Marte ao fundo parece grande, mas na realidade tem 80 cm de altura.
O Altare della Patria ou Monumento a Vittorio Emanuele II, fica na Piazza Venezia, foi inaugurado em 1935 em homenagem ao primeiro rei da Itália unificada. Tem 135 metros de largura e 70 metros de altura, todo em mármore botticino branco. Os italianos odeiam, acham horroroso e colocaram o apelido de máquina de escrever! Eu acho bonito, mas entendo que edificar uma construção tão grande e tão branca no meio de uma cidade em tons de terracota não tinha nada a ver mesmo.
O seu terraço panorâmico tem uma vista 360 graus de Roma.

No seu interior tem o Museu Nacional da Imigração Italiana e o Museu da Bandeira e das Forças Armadas. Há também exposições temporárias.
E, quase acabando, porque esse post já está enorme, o Castel Sant’Angelo. Costruído em 123 d.c. para ser o túmulo, o mausoléu do Imperador Adriano. A pedido do Papa Nicolau III, em 1277, foi construída uma passagem entre o Castelo e o Vaticano para que os papas pudessem fugir e se refugiar em caso de invasão porque o local se transformou em uma fortaleza. Depois, na época renascentista foi prisão. Foi também castelo e morada de vários papas, tendo seus apartamentos para visitação, sendo que hoje funciona como museu.
No interior dos apartamentos papais é proibido fotografar. A vista lá de cima do Castelo é linda, pois fica em frente ao Rio Tibre.
Em frente ao castelo tem sempre “gladiadores” para fazer fotos e levar uns euros.
E, por fim, não poderia deixar de falar das fontes de Roma. A mais famosa, a Fontana di Trevi, tão linda, só que tão difícil de fazer uma foto que se aproveite.
A Fontana di Trevi, em estilo barroco, começou a ser construída em 1735 por encomenda do Papa Clemente XII. No centro está a estátua do deus do oceano, ao lado as estátuas que representam a abundância e a salubridade e um pouco mais abaixo dois cavalos, um tranquilo e outro inquieto que simbolizam que o mar ora está calmo, ora agitado.
À noite é um pouquinho mais fácil. Essas fotos acima foi um fotógrafo que cobra para tirar fotos em polaroid e também faz fotos com a nossa câmera (junho 2013). Tem sempre um lá, oferecendo os seus serviços. A foto da polaroid não ficou boa, mas com a minha câmera eu amei.
Para mim é a fonte mais linda do mundo!

Outra fonte de Roma, um pouco mais afastada do circuito turístico e a Fontana dell’Acqua Paola, na Via Garibaldi em Trastevere. Fica situada em uma colina, no Monte Janículo e proporciona uma vista linda de Roma. Foi construída em 1612 e depois restaurada pelo Papa Paolo V de quem recebeu o nome. Aparece na primeira cena do filme a Grande Beleza, de Paolo Sorrentino.
Deixo para outro post o Coliseu, que visitei duas vezes, durante o dia e à noite. As 3.765.942 igrejas que conheci, o Pantheon e outros locais de interesse histórico e arqueológico como o Foro Palatino, Circo Massimo, Teatro de Marcelo, as Termas de Diocleciano e as Termas di Caracala. Em outro post, ainda, quero falar sobre os restaurantes que fui em Roma.
A história da cidade de Roma abrange mais de 2.500 anos, sendo um dos berços da civilização ocidental. Sua única cidade irmã é justamente Paris e a frase que simboliza essa fraternidade é: “Somente Paris é digna de Roma, somente Roma é digna de Paris.” Não poderia ser mais verdadeiro! Passear por suas ruas é ter o privilégio, a cada instante, de contemplar todo o esplendor e beleza da sua mais perfeita tradução: Cidade Eterna.
Muito bom!
Aguardo sua visita e seus comentários!
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Cristina , ficou incrível sua descrição de Roma ! As fotos, os lugares e a paixão com que você escreve geram um enorme fascínio e curiosidade para explorar cada vez mais essa cidade maravilhosa com um acervo e história inigualáveis! Parabéns ! Que venham muitas outras descobertas em Roma e no mundo ! Beijo
Ricardo
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Obrigada amigo, fico muito feliz! Beijos
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