Tentar mostrar tudo que vi em Sevilha em apenas um post não vai ser fácil, vou tentar! De todas as cidades que estive na Andaluzia, Sevilha foi a que eu mais gostei. Além de linda, tem um astral maravilhoso, fervilha (até rimou!).

A cidade é a quarta maior da Espanha. Tem 700.000 habitantes e está sempre lotada de turistas. Não é para menos! A Espanha é um país fácil de viajar, com uma malha ferroviária e rodoviária que facilita muito o deslocamento, para quem como eu não aluga carro é perfeito. Soma-se a facilidade com a língua (para nós brasileiros), povo simpático e acolhedor e o baixo custo, considero um país barato para viajar. Precisa mais?
Cheguei em Sevilha por Marrakech, em um voo direto pela Ryanair. Saí de ônibus pela empresa Alsa com destino a Granada e adorei, nunca tinha viajado de ônibus na Europa, aprovado!
Fiquei na cidade por 5 diárias no Hotel Alfonso XIII, no bairro de Santa Cruz, um ícone da cidade. Foi encomendado pelo Rei da Espanha para receber os dignatários da Exposição de 1929.



O Hotel foi renovado em 2012 e as suas áreas comuns são muito bonitas. Conta com um pátio interno com fonte que lota final de tarde para um happy hour.
Recebi upgrade para uma suíte, bastante espaçosa e confortável, com vista para a praça em frente ao hotel e mesmo sendo em cima do terraço do restaurante ENA, o isolamento acústico era perfeito.
Como chegamos no final de tarde, resolvemos jantar no hotel mesmo, no restaurante San Fernando e tivemos a sorte de estar funcionando no seu salão de banquetes, um espaço histórico lindíssimo. No outro dia o café da manhã foi servido nesse salão também. Nos outros quatro dias o restaurante foi transferido para os corredores que cercam o pátio, já que o Salão de Banquetes é frequentemente reservado para eventos.

No outro dia, nosso primeiro para explorar a cidade, já tinha reservado com antecedência e on line a visita ao Real Alcazar, o mais antigo conjunto de Palácios Reais da Europa. A fila com ingresso antecipado é grande, mas anda rápido, sem ingresso é na sorte para conseguir, porque esgota muito rápido, melhor se programar, pois é uma atração imperdível! Comprei com hora marcada a visita aos Aposentos Reais. Só pode entrar grupos de 20 pessoas a cada 30 minutos. Neste espaço não pode fotografar, por questão de segurança, pois ainda é utilizado pelo Rei da Espanha e seus convidados em visita a cidade.


O Real Alcazar (fortaleza) começou a ser construído no ano de 713 pelos árabes (mouros) que dominaram a Península Ibérica e ocuparam a Andaluzia por 800 anos, sendo expulsos pelos reis Católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão em 1492, fazendo do Alcazar sua residência durante esse período.
Em frente ao Palácio Mudejar de D. Pedro I de Castela, conhecido como “O Cruel”, que viveu de 1334 a 1369 (não confundir com o imperador brasileiro D. Pedro I, que era D. Pedro IV em Portugal).

A arquitetura mourisca está presente em quase todos os prédios


O ambiente mais bonito do Alcazar: o Salão dos Embaixadores. O seu teto com cúpula de ouro é magnífico.
Os jardins do Alcazar também valem a visita, principalmente o Estanque de Mercúrio.
Após o Alcazar fomos conhecer a Catedral e a Torre Giralda. A principal igreja de Sevilha é a maior catedral gótica do mundo, construída entre 1401 a 1506, sendo a 3ª maior igreja do mundo, atrás apenas da São Pedro no Vaticano e St. Paul em Londres.
Após o terremoto de 1755 foram acrescentados muitos elementos à Catedral, que é dedicada à Santa Maria.
A principal atração da catedral é a tumba de Cristóvão Colombo, navegador italiano que viveu de 1451 a 1506 e descobriu a América em 1492, com o apoio e financiamento da rainha católica Isabel de Castela.
Almoçamos no El Giraldillo, a primeira paella, na Plaza Virgem de los Reyes e resolvemos não subir na Giralda, o campanário da Catedral de Sevilha. Só apreciar a sua bela arquitetura já foi suficiente.

Resolvemos fazer um passeio de carruagem. Sou contra a utilização de animais para o trabalho, mas achei em Sevilha muito bem cuidados. Nossa amiguinha se chama Matilde.
O passeio saiu da frente do Alcazar e passou pela Torre del Oro, Plaza de Spaña, Parque Maria Luísa e retornando ao Alcazar. Foi um passeio muito agradável, bem tranquilo, durou 40 minutos, temperatura em torno de 20 graus, sem vento e esse céu azul lindo e o sol brilhando que nos acompanhou em todos os dias da viagem.
Perto do Real Alcazar e ao lado da Catedral de Sevilha se encontra o Arquivo Geral das Índias. De 1785 neste local foi centralizado toda a documentação referente as colônias espanholas.
Bem ao lado do Hotel Alfonso XIII, fica o mais famoso campus da Universidade de Sevilha, instalado na Antiga Fábrica Real de Tabacos. Os Espanhóis foram os primeiros europeus a ter contato com a planta Tabaco trazida das Américas. A fábrica funcionou do século XVIII até 1950 e foi o maior prédio industrial do mundo.
Além do interesse histórico e arquitetônico tive vontade de conhecer também porque no local funciona a Faculdade de Direito de Sevilha e a entrada é livre, pode-se circular tranquilamente entre os estudantes.
Continuando o passeio pelo bairro Santa Cruz, na Calle Gloria, Plaza de los Venerables está o Hospital de los Venerables Sacerdotes. Construído pela Irmandade del Silencio para albergar e cuidar de padres pobres, doentes ou deficientes.
Em estilo barroco o imóvel tem uma pátio muito bonito e agradável e no segundo piso exposição de arte (pintura) com acervos permanente e temporário.
Viajar na segunda quinzena de março para a Andaluzia foi especial, porque além do clima agradável é a época da laranja. São muitas árvores espalhadas pelas cidades e estavam carregadas, é lindo!
No interior do Hospital se encontra uma das mais fantásticas igrejas de Sevilha, com afrescos belíssimos.
Depois da Calle Gloria segundo pela Calle Agua até chegar na Plaza de Santa Cruz chegamos no quarteirão judeu, a Juderia de Sevilha. Em 1248 Sevilha foi conquistada pelos cristãos, mas a convivência com os judeus era pacífica até que em 1391 houve um ataque a esta comunidade, muitas pessoas morreram e as sinagogas foram destruídas dando lugar as igrejas.
Andar pelas ruas do bairro judeu é muito interessante. Seus prédios e praças ainda guardam características deste povo, sempre tão perseguido e injustiçado ao longo da história da humanidade.
De todos os locais para passear em Sevilha a Juderia foi o que eu mais gostei. E olha que é difícil a tarefa de escolher já que a cidade é inteira linda e interessante.
Dos pontos turísticos, na categoria imperdível, realmente a Plaza de España é imbatível. Como pode ser tão bonita? Nunca vi em toda a minha vida uma praça tão linda! Construída para a Exposição Ibero Americana de 1929 (como o Hotel Alfonso XIII).
Situada no Parque Maria Luísa a Plaza de España possui 48 bancos de azulejos que representam as províncias espanholas e 4 pontes que representam os quatro reinos: Navarra, Castela, Aragão e Leão.
Fui abençoada com esse céu azul que parecia uma pintura o que deixou tudo ainda mais lindo. Como escolher entre as centenas de fotos (não estou exagerando) apenas algumas para a publicação não é tarefa fácil. A Plaza de España é muito fotogênica e rende cenários incríveis. Não dá vontade de ir embora.
No outro dia, fomos conhecer o Bairro Triana no outro lado do Rio Guadalquivir. Atravessamos a Ponte de San Telmo, a mais próxima do Hotel Alfonso XIII e também a melhor para a vista da Torre del Oro.

A Torre del Oro fica no Paseo de Cristobal Colon sendo o cartão postal de Sevilha. Construída no século XIII (1220-1221) com a função de vigilância pelo Califado de Almoada para evitar possíveis invasões pelo Rio Guadalquivir. Na época a Espanha era ocupada pelos mouros.

A base da Torre del Oro tem 12 lados (facetas), a parte o superior foi acrescentada no século XVIII.
O Bairro Triana é um dos locais imperdíveis de Sevilha. Fui em um sábado e estava ainda mais animado. Feiras de artesanato, artes, antiguidades, livros e bricabraque espalhadas pelas barraquinhas à beira do Rio Guadalquivir. Passear pela Calle Betis apreciando o visual lindo da cidade pela outra margem é realmente fantástico.
No final da Calle Betis, em frente a Ponte de Triana, na Praça del Altozano está o Mercado Triana, reconstruído em 2005 tem todo o tipo de bancas para venda de carnes, peixes, frutas, roupas, com restaurantes e bares de ostras. Tem uma atmosfera animada.

A Calle San Jacinto é o calçadão principal do bairro Triana, com muitas lojas e restaurantes.
Nesse calçadão, passei na frente e resolvi entrar em uma Igreja, a Hermandad de la Estrella. Uma capela muito pequena que tinha uma fila para beijar os pés de uma imagem de Cristo.
A Hermandad de la Estrella foi fundada em 1560. Se trata de uma confraria que abre a procissão da Semana Santa de Sevilha. Após cada pessoa beijar os pés da imagem, a voluntária da Igreja, à esquerda da foto, passa um pano para limpar.
Infelizmente a Igreja de San Jacinto estava fechada quando passei e não pude visitar o seu interior.
A arquitetura do bairro Triana é muito bonita, muitos prédios tem detalhes em cerâmica pintada, levando o nome do bairro a famosa cerâmica da Andaluzia. Na foto abaixo a mais icônica loja de Sevilha, no local onde funcionava a Fábrica de Santa Ana, na Calle Callao.
As louças são tão lindas, de enlouquecer, dentro da loja não pode fotografar, e apesar de ser difícil o transporte não resisti e trouxe algumas peças.

Ao lado da loja funciona o Museu da Cerâmica.
O passeio pelo bairro de Triana é sem dúvida um “tem que fazer” em Sevilha.
Apesar de ser longe, fomos caminhando e atravessamos a Ponte de Triana para retornar a outra margem em direção ao Museu de Belas Artes de Sevilha.

Instalado no antigo Convento de la Merced Calzada, de 1841, o Museu de Belas Artes de Sevilha é a segunda pinacoteca mais importante da Espanha, atrás apenas do Museu do Prado.
O Edifício do século XVIII é lindo e possui um pátio interno de Aljibe (cisterna).
No acervo do museu entre tantos, os maiores: El Greco e Velazquez. O pintor, escultor e arquiteto Domeniko Theothokopoulos – conhecido como “El Greco” nasceu em Candia (hoje Heraklion – Creta) em 1541 e faleceu em Toledo em 1614. Emigrou para Toledo em 1577 e fez boa parte de sua carreira na Espanha.


Andando mais uma vez pelo entorno do nosso hotel Alfonso XIII, no bairro de Santa Cruz, seguimos pela linda Avenida de la Constitución. No início da avenida está a Fuente de Híspalis na Puerta de Jerez e seguimos apreciando a sua arquitetura.
Sevilha tem alguns palacetes que foram transformados em museus. O Palácio de Lebrija é um deles, situado na Calle Cuna, onde fomos assistir um espetáculo de flamenco. O imóvel foi adquirido em 1901 pela Condessa de Lebrija e ainda pertence a família, que mora no local. Para visitar o segundo piso somente com visita guiada que tem de hora em hora.
A sua construção remonta ao século XV e possui no seu acervo pinturas, esculturas e uma espetacular coleção de mosaicos romanos.
Por fim, um lugar muito interessante para conhecer é o Metropol Parasol conhecido por LAS SETAS (significa cogumelos). Na Plaza de la Encarnacion é a maior estrutura de madeira do mundo, com 150×70 metros de diâmetro e 26 metros de altura. Projeto do arquiteto alemão Jürgen Mayer Hermann, executado com 3.500 tábuas, foi inaugurado em 2011. No andar subterrâneo tem o museu Antiquarium, com achados arqueológicos. No térreo, o antigo mercado Encarnación foi reconstruído e no piso superior uma passarela com mirante.

Não vou consegui acrescentar nesse post os restaurantes e o show de flamenco. Deixo para o próximo e mais umas imagens dessa cidade vibrante e linda que me conquistou.
Sevilha, eh um daqueles lugares cujo astral, the memories, fazem o pensamento voar!
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Verdade! Cidade para boas lembranças, sempre!
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