Cidade da Província de mesmo nome, Córdoba se situa na região da Andaluzia, sul da Espanha e fica a uma distância de 395 Km de Madri e 132 Km de Sevilha.
Foi a partir de Sevilha que conheci Córdoba em um passeio de um dia (bate e volta) de trem, viagem que durou 45 minutos. Comprei o bilhete no site http://www.raileurope.com.br
Quando planejei a minha viagem para a Andaluzia pensei em ficar pelo menos 1 noite em Córdoba para ter mais tempo para conhecer a cidade, mas acabei optando por fixar base em Sevilha e achei melhor, pois foi suficiente para conhecer as atrações que me interessavam e bem mais prático fazer o bate e volta.

Córdoba já foi a cidade mais populosa do mundo, no ano 1.000 d.c. com 500.000 habitantes. Hoje possui aproximadamente 330.000 hab. Foi também uma das primeiras a ter iluminação pública.
Ao chegar na estação de trem peguei um táxi e pedi para ficar na Puerta Sevilla início do meu roteiro. A distância de 2 km passando pela parte moderna da cidade e vista pela janela do carro foi rápida, suficiente e já ajudou a poupar as pernas e os pés para o restante do dia 😉
Puerta Sevilla é uma das portas de acesso das muralhas da cidade, a única das três que se conservou, original do século XIV.
Ao lado da porta uma construção em forma de arcos, possivelmente um aqueduto, com o monumento em homenagem ao filósofo e historiador Ibn Hazn.
Passando pela Puerta Sevilla e seguindo pela calle de mesmo nome chegamos no Alcazar de los Reys Cristianos, uma fortaleza que serviu de residência para os reis católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão por 8 anos.

O Alcazar do ano de 1328 é um dos monumentos mais importantes de Córdoba. O interior do edifício não tem muito interesse, mas os seus jardins são muito bonitos, vale a pena a visita.
Foi neste local, em 1486, que os Reis Católicos receberam Cristóvão Colombo que foi pedir apoio para sua expedição às Índias que culminou no descobrimento das Américas. Os reis foram grandes financiadores das expedições de Colombo.
E esse céu? Não canso de pensar, Andaluzia em março é perfeita!
Próxima parada, a atração mais visitada de Córdoba: A Mesquita-Catedral. Para comprar o ingresso a fila é imensa, ao lado do guichê tem um caixa eletrônico para compra com cartão de crédito e a fila é bem menor. Estacionei o marido na fila normal e fui tentar a sorte no eletrônico, a compra é meio enrolada, mas fiquei de olho nos que estavam na minha frente para aprender e consegui. Poupei um bom tempo.

A Mesquita-Catedral de Córdoba já começa pelo nome que a primeira vista pode parecer incompatível, mas ela é igreja ou é mesquita? É uma igreja, mas já explico. O início da construção foi em 785 quando Córdoba estava sob o domínio dos árabes, então eles construíram uma mesquita. Porém, em 1.236 Córdoba foi reconquistada pelos cristãos que aproveitaram a construção e foi consagrada como igreja, acrescentando ao longo do tempo elementos católicos.
Como o edifício conservou os elementos árabes da religião islâmica passou a se chamar Mesquita-Catedral de la Asuncion de Nuestra Señora.

O seu interior é imenso, sendo uma das mais importantes construções islâmicas no ocidente. Possui 23.400 m² sendo a segunda maior mesquita do mundo depois de Meca até o ano de 1.588, quando então foi superada pela Mesquita Azul de Istambul.
O espaço onde está Mihrab – o nicho oratório em direção à Meca é o mais importante
A parte católica também é de uma beleza impressionante.
E ainda possui uma parte de museu com peças arqueológicas e eclesiásticas.
A Mesquita-Catedral de Córdoba é realmente incrível e vale a visita, tanto pelo seu aspecto arquitetônico quanto pela sua história. Abaixo a Torre do Sino, o campanário onde era o antigo Minarete, visto do Pátio de los Naranjos.
Saindo da igreja fomos passear pelas ruas no entorno, seu centro histórico, com muitas lojas e restaurantes.
Recebemos uma dica muito boa para almoçar do porteiro do nosso Hotel Alfonso XIII em Sevilha (restaurante Caballo Rojo), mas quando chegamos lá ainda estava fechado, os espanhóis almoçam e jantam tarde e como tomamos café muito cedo para a viagem já estávamos com fome, então resolvemos tentar em um que passamos em frente e gostamos muito.
A Taberna Deanes na calle Deanes. Pedimos algumas tapas de entrada e de prato Revuelto (ovos) de Ouriço, uma delícia!
Pelas charmosas ruas de Córdoba visitamos também a mais famosa: Calleja de las Flores, a sua entrada é pela Calle Velazquez Bosco.
O centrinho histórico é bem pequeno, com um emaranhado de ruelas para passear, com muitas lojinhas e restaurantes.
O Mercado Los Patios de la Marquesa, na Calle Manriquez, também é uma boa opção para almoçar. Um espaço com vários estandes de comidas, mesas e cadeiras para refeições ligeiras, para quem não quer perder muito tempo em um restaurante.
Passamos em frente e resolvemos entrar na Galeria de la Inquisición, uma exposição com os artefatos usados na época. A Inquisição Espanhola (Tribunal do Santo Ofício da Igreja Católica) funcionou de 1478 até 1834 e foi instalada a pedido dos reis Isabel de Castela e Fernando de Aragão, para perseguir e condenar os hereges.
Córdoba também possui a sua juderia, o bairro onde os judeus viviam, mantendo as suas características. Na Calle Averroes, final da Calle Tomás Conde se encontra a Plaza Maimonides com uma estátua em honra ao médico, escritor, filósofo e rabino de mesmo nome que viveu de 1.135 a 1204 e codificou os 13 princípios da fé judaica.
Logo ao lado está o ZOCO Municipal de la Artesania. Um pátio muito bonito, com um mercado com alguns artesãos trabalhando e vendendo seus produtos. Tem trabalhos em restauro também de móveis e relógios antigos.
Não fotografei os artesões trabalhando porque não me senti à vontade, ninguém fotografava só prestavam atenção no trabalho sendo executado.
Na Calle Judíos se encontra a Sinagoga, do ano de 1314 (século XIV), um monumento único na Andaluzia. Pouco restou da construção, mas a sua importância histórica vale a visita.
Os pátios de Córdoba são famosos, existindo até a Asociación de Amigos de los Pátios Cordobeses, para regulamentar o seu funcionamento promovendo concursos de beleza, sempre muito floridos.

Contornamos a Mesquita-Catedral novamente e fomos para a última parada do roteiro: a Torre de Calahorra.
O acesso se dá pela Avenida del Alcazar onde se encontra o monumento a San Rafael Arcangel e a Puerta del Puente, do século XVI de nome “O Triunfo de San Rafael”
A Puente Romano que atravessa o Rio Guadalquivir
E a Torre de Calahorra ao fundo, na outra margem do rio. Construída no século XII, já foi fortaleza, prisão, escola. Hoje funciona no seu interior o Museu Ibérico.
O marido não quis entrar, então fui sozinha. O museu não é muito interessante, queria mesmo subir na torre para ver a cidade. A torre não é alta, o acesso pelas escadas é fácil.

Daí estou no terraço/mirante, aproveitando essa vista fantástica, quando vejo o marido deitado, dormindo em um banco lá embaixo! Affff
O nosso passeio terminou aqui, não conseguimos um táxi para voltar à estação de trem, então chamei um Uber e deu certo, chegamos a tempo.
Gostei muito de ter conhecido Córdoba, mas não considerei uma cidade imprescindível ou imperdível para visitar na Andaluzia. Achei o esquema bate e volta muito bom, para não ficar com aquela coisa na cabeça “poxa estive tão perto e não conheci”.
A Andaluzia é uma região apaixonante, sua história e a influência árabe na sua arquitetura merecem a visita e a tornam linda e única. Não vejo a hora de voltar para conhecer as outras cidades da região.