Ranakpur e Pushkar – Índia

No roteiro pelo Estado do Rajastão, em novembro de 2019, durante o trajeto de carro, fizemos duas paradas para conhecer as cidades sagradas de Ranakpur e Pushkar.

A primeira Ranakpur se localiza entre as cidades de Udaipur e Jodhpur, em Desuri, distrito de Pali. Saímos de Udaipur e a distância de 92 Km levou 2 horas. O caminho é por estradas que se alternam entre boas e ruins. E aqui passamos o único perrengue de toda a nossa viagem.

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Em um lugar que o GPS marcou entre Sayra e Maga, na Rodovia RJ SH 32, uma estrada de asfalto bom, só que estreita e sem acostamento, em uma curva um outro carro veio pra cima da gente na contramão. Para desviar e evitar a colisão o nosso motorista puxou rápido a direção para esquerda, saímos da estrada e como tinha um degrau do asfalto para o chão de terra, ficamos desgovernados e paramos a centímetros de uma ribanceira. Não tinha guard rail. Fiquei tão nervosa, a gente podia ter morrido se caísse. Da minha janela vi o buraco na mata lá embaixo! Não aconteceu nada. Foi Deus! O motorista verificou os pneus, estava tudo certo e continuamos a viagem. Foi um susto enorme.

Depois, no outro dia, percebi isso no carro:

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O nosso motorista preparou um bouquet de pimentas e amarrou na placa do carro.

Durante o trajeto cenas de uma Índia bem rural.

Erro
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Ranakpur possui um complexo de templos do século XV, um dos mais importantes da Índia, com 14.000 m de área total, no meio das montanhas Aravalli.

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Jainismo é uma das religiões mais antigas da Índia, contemporânea do budismo, surgiu no século VII a.c. na bacia do Rio Ganges. O seu fundador Mahavira assim como Buda, era nobre e abandonou a sua vida de conforto para se dedicar a sua fé.

Alguns preceitos do Jainismo: verdade, não violência, não roubar, castidade e desprendimento material.

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Nos templos Jain não pode usar (portar) produtos de origem animal. Assim, cintos e bolsas de couro são proibidos. Comprei bolsas de tecidos na viagem para esse fim. Calçados são proibidos também, qualquer um, de couro ou não, por respeito ao solo sagrado.

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Para entrar no templo não precisa pagar (a princípio) e tem um guichê que fornece audioguide em várias línguas inclusive em espanhol. O porém é que precisa deixar o passaporte como garantia, achei um absurdo, mas concordei. A gente deixa os sapatos na entrada. Na saída ao devolver o audioguide o funcionário pede uma gorjeta.

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Porta de entrada do templo
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Degrau de entrada do templo

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O código de vestimenta (para as mulheres) também deve ser respeitado. Ombros e pernas tem que estar cobertos. Não foi necessário lenço na cabeça.

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O templo principal – Chaumukha tem 3 andares e levou 50 anos para ser construído.  Tem 29 halls, 80 cúpulas e 1444 pilares todos diferentes um do outro, tem sempre algum detalhe que os diferencia. Foi todo construído em mármore branco, da mesma jazida que extraíram o mármore do Taj Mahal.

Dentro do templo tem uma parte no centro para oração e nós turistas não podemos entrar e nem fotografar, só os fiéis tem acesso.

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Acima das escadas local de oração

As incrustações dos pilares tem várias figuras como de dançarinas e flautistas. Posições de Ioga e Kama Sutra também.

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As cúpulas são lindas. Um trabalho tão detalhado e minucioso parece de renda.

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No Jainismo a sua tradição religiosa tem como centro os seres humanos e suas preocupações e ensina que o Universo é eterno e não possui um Deus criador.

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Mahavira fundador do Jainismo

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img_7492A arquitetura dos pátios e área externa do templo principal é incrível na riqueza de detalhes

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No interior do templo havia um homem preparando algo que não consegui identificar, parecia comida. No Jainismo eles usam máscaras para evitar engolir algum inseto voador, como preservação e proteção a qualquer ser vivo.

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A visita ao templo é muito interessante, mesmo que não pratique a religião ou não seja indiano, através da fé de um povo também conhecemos muito de sua cultura.

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A outra cidade sagrada que visitamos foi Pushkar, entre Jodhpur e Jaipur, no distrito de Ajmer, a 183 Km de Jodhpur, aproximadamente 4 horas de carro.

Nessa visita não tivemos guia. Os trajetos entre uma cidade e outra fazíamos só com o motorista. Em Pushkar ele estacionou o carro em uma grande feira de camelos, muito próxima do templo.

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A feira de Camelos de Pushkar é famosíssima, mas eu nunca tinha ouvido falar! E nem apareceu nos meus estudos pré viagem. Quando cheguei lá e vi essa maravilha, fui pesquisar a respeito.

É uma feira anual, sempre na primeira semana de novembro, onde se comercializa camelos (claro), entre outras atividades, como corrida de camelos (claro), passeios de balão e shows pirotécnicos

Eu acho esse bicho o máximo! Muito engraçado, tem um jeito de andar com um molejo completamente diferente. Só tenho medo de me aproximar muito porque eles mordem ou cospem. Mas, em Marrakech fiz várias fotos com eles, lá eles eram bem mansos.

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Os animais são todos bem decorados, com um colorido único, como tudo na Índia. Na feira são vendidos muitos apetrechos para enfeitar os camelos.

E muitos possuem uma carroça em formato de cama para passeios.

Junto com a feira, seguindo em frente, chegamos no mercado de Pushkar, com muitas lojas e barracas vendendo de tudo.

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Os lindos trajes coloridos das indianas, sou fascinada. Ombros e pernas cobertos. A barriga pode mostrar porque não é considerada uma parte sensual do corpo feminino. Cobrir a cabeça ou a face toda com o véu depende da região da Índia, se são casadas ou solteiras. Como estamos no norte e em uma área rural, essa prática é mais comum. Na feira e no templo haviam mulheres de várias regiões, assim vimos diferentes estilos.

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Aqui foi o lugar que eu consegui comprar com uma certa “tranquilidade” várias lembranças de viagem, presentes para parentes e amigas como bolsas, pulseiras, carteiras. Os vendedores não eram tão insistentes como nos outros locais e o da barraca que comprei a maior parte dos itens era bem tranquilo, deixava eu ver e escolher com calma.

Só que mais uma vez, não consegui desconto (sou péssima para negociar), só ganhei um brinde, um artigo a mais, à minha escolha, melhor que nada.

O mercado se estende por duas ruas e vende roupas, sapatos, tecidos, bolsas, bijouxs. Tem várias barracas de comida e bebida também, geralmente água, refrigerante e suco, já que é muito difícil encontrar bebidas alcoólicas fora dos hotéis (amei a Índia).

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No final do mercado chegamos na base do templo.

PUSH significa lótus e KAR mão. Os hindus acreditam que a cidade surgiu através de um lago que se formou por uma grande flor de lótus colocada naquele local pela mão do deus Brahma.

Pushkar é a terra do deus Brahma, a cidade mais sagrada da Índia para os hinduístas, que representam 70% da população. Pelo menos uma vez na vida, os fiéis devem fazer a peregrinação ao templo. O Hinduísmo é a terceira maior religião do mundo. São politeístas (acreditam em vários deuses) e em reencarnação.

No Hinduísmo há três deuses principais: 1) Brahma: deus da Criação, 2) Shiva: deus da destruição (transformação) é o deus da Ioga, 3) Vishnu: deus da Proteção. Um deus hindu bem conhecido do mundo ocidental é Ganesha (corpo de homem e cabeça de elefante) deus da prosperidade, que remove obstáculos e traz soluções.

A representação de Brahma é um homem que possui 4 cabeças, quatro braços e em uma das mãos uma flor de lótus.

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Foto do site: http://www.ocosmopolita.net

Foi o local de maior aglomeração de pessoas que visitei na Índia. Para subir as escadas do templo tinha fila, mas andava com rapidez.

Na base do templo precisa deixar os sapatos já que não é permitido entrar com eles no solo sagrado. O desespero do marido de ter que deixar os seus sapatos ali, naquele mundo de calçados espalhados e depois não encontrar na volta. Mas, na Índia sempre tem um jeitinho. Havia um comerciante oferecendo uma prateleira para deixar os sapatos, mediante pagamento claro. Beleza, problema resolvido.

E lá fomos nós, enfrentar a multidão para subir a escadaria do templo de Brahma.

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No interior do templo não pode fotografar, então só fiz essas fotos externas.

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A quantidade de gente na fila para entrar no templo era de chorar.

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No pátio do templo tem “mini templos” para orações e oferendas.

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Na saída do templo (o mesmo local da entrada) continuando pela rua em frente até o final se encontra o lago de Pushkar, onde os fiéis e turistas vão para fazer rituais de bençãos ao deus Brahma.

Como já mencionei anteriormente, fiz uma viagem turística e não tinha interesse (nem crença) nos rituais do hinduísmo. Li também que há diversos golpes neste local e muitos que se oferecem para fazer a benção, se dizendo sacerdotes (mas não são) cobram preços exorbitantes, bem no estilo pega turista.

Então não fui ao lago onde, além dos rituais de purificação e outras bençãos, realizados nos “ghats”, que são portões para colocar as oferendas e pedidos, os peregrinos vão visitar porque aqui foram jogadas as cinzas de Gandhi.

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Lago de Pushkar e seus ghats. Foto do site: http://www.civitatis.com

As paradas em Ranakpur e Pushkar foram muito interessantes pelo aspecto cultural, já que a Índia era para mim, e ainda é, um outro mundo, tão distante e diferente. Mergulhar em cidades do interior, locais de peregrinação e fé, foram episódios até então inéditos na minha vida como turista. Paisagens e memórias que ficarão para sempre.

 

 

 

4 comentários em “Ranakpur e Pushkar – Índia

  1. Ola, gostaria muito de ter contato com vc, estou indo para o Egito e gostaria de ajuda com dicas. Pode me adicionar nas minhas redes sociais??

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    1. Olá, vc pode me seguir no instagram @bertoncinipelomundo lá nas postagens do final do mês de março e durante todo o mês de abril e descrevi em detalhes a minha viagem ao Egito. Se vc tiver alguma dúvida pode me perguntar pelo direct do insta que fica mais fácil, terei o maior prazer em lhe ajudar. O Egito é incrível, vc vai amar!

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