Capital da Índia, situada no norte de país é a 2ª cidade mais populosa do mundo com 29 milhões de habitantes, atrás apenas de Tóquio (com 37 milhões).
Delhi foi capital do Império Mongol desde 1638. Em 1803 a capital passou a ser Calcutá e somente em 1947 com a independência do domínio britânico é que voltou a ser capital. Depois foi dividida em Old Delhi (antiga sede do império mongol) e New Delhi a nova cidade construída ao sul declarada capital e sede administrativa.

Chegamos na Índia pela Alitália, via Roma, de madrugada. Tivemos apenas um dia na cidade na chegada e um na partida, e apesar de ver quase tudo o que eu queria achei pouco, uma pena, porque amei, fiquei com aquela sensação de quero mais. Era o lugar que eu tinha “mais medo” na Índia porque muitas pessoas falam mal, reclamam do caos, enfim, um misto de curiosidade e pânico tomava conta de mim.
De fato New Delhi, onde fiquei hospedada e passei a maior parte do tempo, é um lugar impactante. Mexe com todos os seus sentidos. Um choque cultural muito grande. Tem áreas organizadas, limpas e bonitas (que eu não imaginava) e outras de lixo e miséria extrema. Poluição terrível, parecia uma neblina densa, uma fumaça constante, difícil de enxergar e respirar. O aplicativo de previsão do tempo dizia que o dia estava ensolarado, só que é impossível enxergar um céu azul e sol com o ar tão poluído. Aliás, eu nunca tinha visto e sentido algo assim. O marido começou a se sentir mal assim que chegou.

O trânsito é muito louco, ninguém respeita regras, um verdadeiro Krishna nos acuda! É muita buzina, atordoante. Tem milhares de tuk tuk que facilitam o deslocamento. Não fiquei parada em congestionamentos. E além de táxis tem também o transporte pelo aplicativo OLA, o equivalente ao Uber.
O hotel que fiquei hospedada Taj Palace é fantástico, da mesma rede que administra os palácios do Rajastão. Lindo demais. Muito moderno e confortável com uma decoração de extremo bom gosto. Tem restaurantes e bares incríveis. No dia da volta fiquei em outro hotel da rede – o Taj Mahal (aquele do atentado) e foi péssimo, tinha um ar decadente, nem se compara.
O lobby do Hotel Taj Palace foi um dos mais bonitos, no segmento Hotel Urbano, que já me hospedei. A decoração indiana faz toda a diferença.



O quarto era um sonho. Uma suíte espaçosa com sala e lavabo e depois o ambiente do quarto com closet e banheiro.
Nosso guia em Delhi era um rapaz muito gentil e simpático, seu apelido é Saci, achei o melhor guia da viagem, cada cidade era um guia diferente. Ele nos contou que é solteiro, mas seu pai insiste que ele se case, porque na Índia a família da noiva tem que pagar um dote e seu pai está precisando do dinheiro. Também contou que para agilizar o casamento sua família já lhe mostrou várias fotos de moças, mas ele acha que em pleno século 21 é difícil casar com alguém sem conhecer, então ele vai enrolando.
A Índia é assim, cheia de contrastes, moderna e altamente tecnológica de um lado, antiga com tradições ultrapassadas de outro.

Começamos no nosso tour passando pelo Índia Gate, o Arco do Triunfo indiano.
Fica localizado na Rajpath Road, India Gate Circle. De 1921, possui 42 metros de altura. Homenageia os soldados mortos nas guerras anglo-afegãs e posteriormente os da 2ª Guerra Mundial. Embaixo tem o túmulo do soldado desconhecido.
Depois passamos pela casa do Presidente. Rashtrapati Bhawan é uma das maiores residências presidenciais do mundo. Aqui foi um local que eu fiquei com muita vontade de conhecer, mas no meu dia em Delhi não estava aberta para visitação. As visitas são só as sextas, sábados e domingos.
O prédio foi construído para ser a casa do vice-rei da Índia a partir de 1931 até 1950. Possui 19.000m² em um terreno de 130 hectares, 4 andares e 340 quartos. Morou aqui Lorde Mountbatten, tio do Príncipe Philipp e primo da Rainha Elizabeth, designado para “devolver” a Índia aos indianos.
Uma das atrações mais importantes de Delhi se chama QUTAB MINAR, um minarete que faz parte de um complexo de ruínas de uma mesquita do ano de 1.193 construída pelo governante turco Qutub-Ud-Din-Aibak. Patrimônio mundial da Unesco, possui arquitetura indo-islâmica.
Pelo caminho tem muitos esquilos que pedem comida. Eu levei do Brasil pacotes de bolacha salgada para me salvar da comida indiana e dei um pedacinho para ele. Não quis, não gostou, claro não tinha pimenta!
Qutab Minar – conhecida como Torre da Vitória é o minarete de tijolos mais alto do mundo. Com 72,5 metros de altura, base com 14,3 metros de diâmetro e topo com um diâmetro de apenas 2,75 metros.

A construção foi feita com arenito vermelho e mármore branco, com esculturas e versos do Corão.

Foi aqui no Qutab Minar que tive o meu primeiro contato com indianos e a receber os pedidos de fotos que eles fazem para estrangeiros, principalmente para mulheres loiras. Logo depois, o guia disse para um grupo que eu era uma “celebridade de Hollywood”. Pra que! Começou a formar fila para fazer foto comigo, hilário!
O marido aproveitava em alguns momentos para fotografar também quando eles estavam fazendo a foto. Tenho muitas fotos com esse povo tão gentil e amável (na sua maioria). Dá uma saudade imensa.
Saída da Qutab Minar e o povo lá atrás esperando para fotografar comigo. Adorei ser celebridade hahaha!
Segunda parada: Templo de Lotus. Casa de adoração da fé Baha’i. Um local de encontro de todas as religiões para adorar a Deus. A religião Baha’i é monosteísta (acredita em Deus e só nele) foi fundada na Pérsia em 1844. Seu símbolo é uma estrela de 9 pontas.
A arquitetura do templo foi inspirada na flor de lótus. Possui 27 pétalas em 9 lados. Recebe 4 milhões de visitantes por ano. Tem 9 portas de entrada e comporta 2.500 pessoas no seu interior, que não pode fotografar.
De 1986 o templo está em uma área de 105.000 m² com lagos e jardins. Baha deriva do árabe que significa Glória.
Um dos locais que eu queria conhecer, mas não estava no programa do tour era a Humayun’s Tomb – a tumba do Imperador Mongol Humayun. Conversei com o guia e por um preço adicional ele nos levou.
Trata-se do mais antigo mausoléu mongol em New Delhi e serviu de inspiração para o Taj Mahal. Todo construído em arenito vermelho e mármore branco, pela viúva Hamida Banu Begum, nove anos após a morte de Humayun, de 1565 a 1572.
O sarcófago do Imperador está sob a cúpula de 42,5 metros de altura. Aqui, repousam os restos mortais de Humayun – 2° Imperador Mongol da Índia, avô de Shah Jahan (construtor do Taj Mahal).
Vários parentes da dinastia etão enterrados aqui. O túmulo mesmo do imperador encontra-se no subsolo.
Ao redor do mausoléu, nos seus jardins, tem construções incríveis, fazendo deste local uma das atrações que considero imperdíveis em Delhi.
Outro local imperdível, que também não estava no tour e por um valor adicional conseguimos ir foi a mais incrível construção que eu conheci em toda a viagem: o Templo Akshardham, o maior templo hindu do mundo.
Todas as fotos e informações sobre este local eu retirei do blog http://www.gigantespelomundo.blogspot.com mais as informações do meu guia, porque quando eu fui não era permitido fotografar nem o seu exterior, tive que deixar o celular no carro, no estacionamento, distante do templo. Há seguranças por todos os lados impedindo fotografias.

O Templo Akshardham foi obra de Pramuk Swami Maharaj, líder espiritual que contou com 7.000 artesãos e 3.000 voluntários para a sua construção. O seu exterior é de arenito rosa e o interior de mármore de Carrara. Possui 43 m de altura, 96 m de largura e 110 m de comprimento, com 9 cúpulas, 20.000 estátuas do hinduísmo, 234 pilares esculpidos, 148 elefantes de pedra em tamanho real que pesam 3.000 toneladas.


Quando a gente vai se aproximando do Templo Akshardham vai sentindo o impacto da sua magnitude. Pelas fotos é possível observar a altura dele em relação as pessoas. Todas as suas paredes externas são trabalhadas, esculpidas na pedra com detalhes da flora, fauna, dançarinos, músicos e divindades.
O seu interior foi o local mais fantástico que eu já vi na vida. Seu altar todo em ouro e pedras preciosas é surreal, a demonstração mais forte dos contrastes presentes a todo momento na Índia, a riqueza extrema de um lado com a miséria absurda do outro.

Não dava para acreditar no que os meus olhos estavam vendo!

O templo foi oficialmente inaugurado em 2005. A entrada é separada para homens e mulheres e depois de passar pelo detector de metais há uma revista de bolsas e física. Nem em aeroportos eu vi uma segurança tão rigorosa.
Para quem tiver interesse em mais informações e ver fotos incríveis que não consegui copiar para o blog é só acessar: http://www.akshardham.com site oficial do monumento.
No almoço fomos em um restaurante lindo, indicado pelo guia: The Imperial Spice.
A comida foi escolhida pelo guia atendendo ao nosso pedido de que não tivesse muita pimenta. Arroz e frango. E advinha? Era tanta pimenta que fritava a boca! Também com um nome desse o que eu esperava? Em todas as cidades a gente convidava os guias para almoçarem conosco, mas nenhum aceitou, isso só havia acontecido em Marrakech. Não sei se eles tem constrangimento em razão de comerem com as mãos, pois não usam talheres. Para mim não é problema, cada um com a sua cultura, é para isso que viajamos.
Visitamos também a Gandhi Smriti – conhecida anteriormente como Birla House, um museu em memória de Gandhi. De todas as atrações de Delhi considero essa dispensável, só se você realmente é interessado na vida e obra de Mahatma Gandhi. O espaço é bonito e tem alguns de seus pertences pessoais.
Gandhi morou neste local em seus últimos 144 dias de vida.
Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em 1869, casou-se aos 13 anos com Kasturba e fez os seus estudos na faculdade de Direito em Londres. Na volta se envolveu politicamente contra o domínio inglês, sempre pregando a não violência, com protestos pacíficos, então se tornou um líder que ficou conhecido como Mahatma, que significa Grande Alma.

O domínio inglês terminou em 1947 separando o país em Índia para os hindus e Paquistão para os muçulmanos, sem opção, Gandhi aceitou a divisão o que gerou novos protestos dos nacionalista, inclusive contra ele. Em 1948, Gandhi sofreu um atentado por disparos de arma de fogo e foi fatalmente atingido aos 78 anos. Seu corpo foi cremado e parte de suas cinzas jogadas no Rio Ganges. Outros locais abrigam as cinzas.
Por fim, conhecemos o templo GURUDWARA BANGLA SAHIB, da fé Sikh. Um palácio do século XVII, que foi residência do Marajá Jai Singh e hospedou o guru Har Krishan que veio a falecer neste local.
Antes de atravessar o portal é necessário tirar os sapatos e cobrir a cabeça.
A religião Sikh é panteísta. E mais uma vez, não é permitido fotografias no interior do templo que é belíssimo.
Anexo ao templo tem a cozinha e refeitório onde são servidas 10.000 refeições gratuitas por dia, com a ajuda de voluntários. Funciona das 9:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:00 horas e a comida é vegetariana, claro.


O guru Har Krishan (1656 – 1664) apesar de criança à época, já que faleceu com 7 anos, quando estava hospedado no palácio, durante uma epidemia, deu água do poço para ajudar os doentes, atraindo posteriormente fama e peregrinos para o local que acreditam no poder curativo de suas águas.
Não só as mulheres, mas também os homens devem cobrir a cabeça neste templo, podem usar lenço, boné ou chapéu. O mais comum é o turbante, usado pelos fiéis Sikhs.
Abaixo portal pelo lado da saída. Nas laterais do templo vimos muitas pessoas deitadas no chão (homens na sua maioria) sob o efeito de drogas alucinógenas.

À noite resolvemos jantar em um dos restaurantes o hotel. Quando estávamos descendo um hóspede no elevador nos indicou o Orient Express. Um restaurante em forma de vagão de locomotiva em homenagem a lendária ligação pelos trilhos entre Paris e Constantinopla.
Fica a dica deste restaurante incrível, lindo, atendimento muito gentil e comida boa. No final o Chef veio nos cumprimentar e fez questão de fazer a foto abaixo. A melhor noite na Índia foi a primeira!
Depois fomos no bar do hotel para tomar um aperitivo, sempre pedimos taça de vinho ou champanhe, nunca esqueçam que gelo é proibido na Índia, um perigo! O Blue Bar é lindo, badalado, amei!
Ficou faltando conhecer Old Delhi que achei daria tempo na volta, mas não consegui.
New Delhi é caótica, vibrante, colorida, louca, intensa, o espelho do seu país. E eu amei! Para conhecer a Índia tem que ir de mente e coração abertos. Abstrair suas mazelas, tentar entender que é outro mundo, outra cultura para absorver toda a história e superação de seu povo que é fantástica. A Índia é um caldeirão de experiências e a sua capital a porta de entrada dessa incrível descoberta.