Taj Mahal – Agra – Índia

O mundo está vivendo uma época triste e absurda com a pandemia de Covid-19  – Coronavírus. Viagens canceladas, adiadas, prejuízos financeiros imensos, mas que não podem ser comparados ao pior deles: a perda de vidas.

E embora possa parecer um momento inapropriado falar em viagens eu penso diferente. Tenho a esperança de que um dia isso tudo vai passar e possamos retomar as nossas vidas com normalidade. Até porque para mim viajar não se resume a quinze ou trinta dias fora de casa. É todo um envolvimento em sonho, pesquisa e planejamento no antes, a curtição no durante e as memórias maravilhosas que ficam no depois.

Também porque me solidarizo com todos os profissionais que trabalham com turismo e para a sua recuperação desses tempos difíceis, nós precisamos voltar a viajar, o tão mais breve seja possível.

Assim, vou continuar publicando as minhas viagens, porque principalmente em época de confinamento, relembrar bons momentos é o remédio da alma.

Parto agora para o último post da série da viagem para a Índia, em novembro de 2019, os outros registros você lê aqui Índia – Impressões gerais Udaipur – Rajastão – Índia Jodhpur – Rajastão – Índia

E aqui New Delhi – Índia Jaipur – Rajastão – Índia Ranakpur e Pushkar – Índia

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O emblemático símbolo do amor TAJ MAHAL, uma das 7 maravilhas do mundo moderno e Patrimônio da Humanidade pela Unesco, está localizado na cidade de Agra, a 215 Km da capital New Delhi. Cidade de 1.700 milhão de habitantes, fundada no século XI, às margens do rio Yamuna, foi a sede do Império Mongol.

Ficar na cidade de Agra foi muito difícil. A poluição estava absurda, a pior dos últimos 20 anos. A miséria e a sujeira também, a mais “agressiva” de toda a viagem. Foi o único dia que passei mal na viagem. Dores no corpo todo, ardência nos olhos e garganta, até uma dor horrível na costas na região dos rins, enfim, tomei um remédio e nem saímos para jantar, dormi super cedo. No outro dia já estava boa.

O Hotel não era bom, claro que fica difícil comparar com os palácios do Rajastão. O ITC Mughal tem áreas comuns bem bonitas, mas o quarto era feio, com ar pesado, cheiro de mofo, banheiro minúsculo, nada a ver com a classificação 5 estrelas que possui. Ainda bem que foi só por uma diária. Não recomendo esse hotel, foi o único previsto no tour que eu não gostei, deveria ter trocado pelo Oberoi.

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A cidade de Agra gira em torno do Taj Mahal, mas o Forte Vermelho é uma atração impressionante e também merece a visita.

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O Forte de Agra, conhecido como Forte Vermelho foi construído a partir do ano de 1080 em arenito vermelho e mármore branco, às margens do Rio Yamuna. O Imperador Mongol Humayun foi coroado aqui em 1530. Em Delhi conheci a sua tumba.

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Porta Amar Singh

Passando o portão de acesso – Porta Amar Singh visualizamos o primeiro pátio e o Jahangir Mahal – palácio construído para ser o harém principal onde viviam as concubinas do Imperador. Jahangir filho de Akbar o Grande e pai de Shah Jahan (do Taj Mahal) possuía 300 mulheres e 5.000 concubinas. Que disposição!

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Vou dizer que pelas fotos não gostei do meu look, parecia uma cigana. A saia tem um tom de rosa lindo que não apareceu, mas, paciência, vamos em frente.

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Os detalhes de incrustações das paredes com pedras semi preciosas como no Taj Mahal

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Palácio do Rei: Khas Mahal, um salão de mármore com pilares hindus onde o Imperador se reunia com a corte e do seu trono assistia o seu passatempo favorito: briga de elefantes (que horror). Aliás, o Imperador Jahangir (1569-1627) possuía 12.000 elefantes, 2.000 camelos, 100 leões, 4.000 cães, 3.000 veados, 500 búfalos e 10.000 pombos.

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Foi neste forte que o construtor do Taj Mahal, o Imperador Shah Jahan foi aprisionado pelo seu filho na Torre Musamann Burj. Conto essa história mais abaixo.

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Torre Musamann Burj

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Sala do Trono

Enquanto estávamos tentando ver a vista do Taj Mahal (impossível com a poluição) um macaco tentou roubar o celular de um turista. Ele chegou a pegar o celular, mas o aparelho não passou pela grade. Levamos um susto, eu estava bem do lado, foi muito rápido!

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O ladrão e seu comparsa

No caminho de volta temos uma visão panorâmica do complexo de palácios e mesquitas do Forte de Agra. O Salão Diwan-i-Am ou o Hall de Audiências Públicas era o local onde o Imperador ouvia os pedidos e recebia as petições de seus súditos

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Salão Diwan-i-Am

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Saindo do Forte fomos de carro até o jardim, do outro lado do rio Yamuna, para ter a primeira visão do Taj Mahal. Pelo caminho passamos no centro de Agra. Pensem em uma cidade feia e sem graça, é essa.

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Ainda bem que sempre tem um amigo pelo caminho. Observem a cor da foto, parece em meio a fumaça.

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Chamar esse local de jardim só pode ser piada e de mau gosto. Se trata de um terreno com terra, poeira e mato. Uma mureta impede o acesso ao rio Yamuna e aqui dizem, se tem uma “visão privilegiada” do Taj Mahal, em um dia de céu azul acredito. A minha foi essa.

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Estou de óculos escuros para proteger um pouco os meus olhos, já que a poluição, que parecia mais uma fumaça ardia os olhos. No aplicativo de previsão do tempo dizia que o dia estava ensolarado. Até pode ser. Mas a poluição não permitia ver. Parecia uma neblina muito densa. O guia explicou que se você sai de casa com uma roupa clara ela fica escura até o final do dia. É  impressionante como as pessoas conseguem viver assim, em uma condição tão adversa. A cara de animação do marido é contagiante.

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Abaixo consegui um ângulo um pouco melhor, de um pedaço do terreno que tem algumas plantas, por isso chamam de jardim. É muito mal cuidado.

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No outro dia acordamos bem cedo para a visita oficial ao Taj Mahal. O dia amanheceu assim, mas logo a poluição tomou conta novamente. Abaixo a chegada na bilheteria.

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E no caminho do complexo para chegar no Taj Mahal

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No fundo do arco da entrada, o Portão de acesso Darwasa já dá para ver um pedacinho dele. Dá para acreditar que em menos de 10 minutos o céu que estava assim…

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Virou assim? E eis que ELE surge diante de mim, impossível não ficar martelando na minha cabeça a música de Jorge Ben Jor…”Foi a mais linda história de amor, que me contaram e agora eu vou contar. Do amor do príncipe Shah Jehan pela princesa Munthaz Mahal (bis)…te te te te teterete te teterete te tereteteteeeeeee Taj Mahaaaalllllll”

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A vontade era de chorar, rir, pular e gritar: Genteeeeeeeeee eu estou no Taj Mahal!!!!   Abaixo o portão de entrada – Darwasa – visto pelo lado de dentro

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A quantidade de turista é grande, olhando da entrada assusta, mas dá para fazer umas fotos mais exclusivas com paciência e pelas laterais. Agora, vamos a história.

Shah Jahan foi um Imperador Mongol, seu nome vem do persa que significa Rei do Mundo. Ele nasceu no Paquistão (1592-1666) e mandou construir o Taj Mahal, que iniciou em 1632, em honra a sua esposa Aryumnd Ban Began que havia falecido no ano anterior no parto do 14° filho. Era a sua esposa favorita e conhecida por Mumtaz Mahal (a joia do palácio). O Imperador queria um monumento grandioso para que o mundo lembrasse para sempre da sua rainha.

Apesar de Mahal significar palácio, nunca foi a função deste local. Trata-se de um mausoléu porque aqui repousam os restos mortais de Muntaz Mahal que foram trasladados quando a obra ficou pronta (em alguns sites de pesquisa não consta essa informação).

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A emoção de estar lá foi imensa, mesmo com a decepção inicial do céu encoberto pela poluição, ter a oportunidade de conhecer é realmente única, um privilégio.

A arquitetura do Taj Mahal é islâmica, típica muçulmana. A sua cúpula branca tem 44 metros e foi “costurada” com fios de ouro. No seu entorno tem quatro cúpulas menores. O Taj é todo simétrico. Os seus quatros lados, as suas quatro fachadas são exatamente iguais. Levou 20 anos para ser construído, trabalharam 20.000 homens e custou 50 milhões de rúpias. Recebe 20 milhões de turistas por ano.

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Tinha a imagem na cabeça do banco onde a Princesa Diana em visita a Índia sentou em um banco sozinha. E aqui estou eu! Tenho várias fotos com o marido também. Contratamos um fotógrafo profissional que ofereceu seus serviços na entrada do Taj Mahal. A vantagem é que ele conhecia os melhores ângulos e como indiano pedia para as pessoas se afastarem em alguns cliques, como a maioria dos turistas é da Índia ficava tudo bem, pois não é fácil conseguir uma vaga nos bancos.

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O fotógrafo também fornece no CD fotos profissionais do Taj Malhal para se ter uma ideia da sua magnitude.

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Foto: J.R.S. Colour Lab

Quando vai se aproximando do Taj Mahal percebemos que ele não é todo branco, já que possui muitas incrustações de várias pedras semi preciosas. Os desenhos em preto, inscrições em painéis caligráficos, são versos do Corão.

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O Taj Mahal foi construído em mármore branco extraído da jazida de Makrana, decorado com jade e cristais da China, turquesas do Tibet, safiras do Sri Lanka, ágatas do Yemen, ametistas da Pérsia (Irã), lápis-lazulis do Afeganistão, corais da Arábia saudita, quartzo do Himalaia, âmbar do Oceano Índico, 500 quilos de ouro e centenas de diamantes.

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Todo esse trabalho de flores são das pedras semi preciosas que relacionei acima, que também estão no seu interior (não pode fotografar) e brilham com a luz de lanterna. A delicadeza dos desenhos da sua decoração é impressionante.

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Brasileira tem que tocar não é mesmo? Não é proibido!

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E também aqui os fãs não deram trégua, muitos pedidos para fotos 😉 Saudade!

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O interior do Taj Mahal é bem pequeno (não pode fotografar), uma sala octagonal com altura de 25 metros adornada por 8 arcos. A cúpula no seu interior é bem menor para servir de base e sustentação para a cúpula externa. Tem dois túmulos, porém foi projetado todo em simetria para ter apenas o túmulo de Muntaz Mahal no centro.

No extremo da plataforma tem 4 minaretes com 40 metros de altura cada um que foram construídos ligeiramente inclinados para fora, no caso de abalo sísmico não caírem em cima do Taj Mahal.

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O Imperador Shah Jahan também planejou construir um mausoléu para si, do outro lado do rio (existe só a fundação até hoje), todo em ônix preto com uma ponte de prata que fizesse a ligação entre os dois palácios. Conseguem imaginar se isso tivesse sido construído?

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Porém, um filho do Imperador, Aurangzeb, achando um absurdo os gastos da construção do Taj branco, mais o projeto mirabolante do Taj preto, matou seus irmãos mais velhos, prendeu o pai que estava doente na torre do Forte de Agra e assumiu o trono em 1658. Shah Jahan ficou encarcerado por 8 anos e através do reflexo de uma moeda na sua torre da prisão conseguia visualizar o Taj Mahal, seu sonho realizado. Ele faleceu em 1666, quase 18 anos após o término da obra. O filho mandou construir um túmulo para Shah Jahan dentro do Taj Mahal, ao lado do túmulo da esposa, só que maior, tirando assim a simetria interna do palácio na qual foi projetado.

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O entorno do Taj Mahal é lindo com jardins bem cuidados. O espelho d’água estava com depósito de areia de tanta poluição.

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O Taj Mahal tem duas mesquitas, uma de cada lado, construídas em arenito vermelho. De frente para o Taj, a da esquerda vale a pena entrar para fazer a famosa foto com o contorno, emoldurando o palácio.

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Visitamos o Taj Mahal pela manhã cedo de uma quinta-feira. Como já estava aberto não pegamos fila para entrar. A bilheteria estava bem tranquila. Sexta feira não abre. O tempo não estava bom, encoberto com bastante poluição. A visita é rápida, em menos de 30 minutos dá para conhecer, só que eu não tinha vontade de ir embora, queria ficar olhando para ele, de todos os lados, ângulos, absorvendo toda a sua beleza e gravando na memória cada detalhe. Também porque no fundo queria acreditar que estava ali de verdade, que não era um sonho.

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Conhecer a Índia foi romper um ciclo na minha vida, pausar um roteiro que eu sempre seguia: certo, seguro e pré-determinado, mas também sem sobressaltos, sem adrenalina. Foi o querer me aventurar, desvendar o desconhecido, ver e fazer coisas que eu não estava acostumada, o choque cultural elevado a máxima potência.

Tive medo, preocupação, quis desistir. Só que depois refleti e cheguei a conclusão que eu deveria enxergar como um privilégio ter a oportunidade de conhecer um país tão distante, que poucos se aventuraram. Através de uma viagem quis deixar uma marca profunda e inesquecível em mim e consegui. A Índia não é para todos, uns dizem que é um “chamado”. Para mim foi um impulso, passar meu aniversário de 50 anos em um lugar diferente, que com coragem ou loucura levei até o fim. E foi inesquecível! Penso que determinados destinos e a Índia é um deles, a gente não deve pensar muito, deve ir, se jogar mesmo, porque acredite o retorno é mágico. 

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Final de viagem e felizes

Paris, Roma, Lisboa, Madri são cidades que eu amo e estarão sempre nos meus roteiros. Passei momentos maravilhosos em todas elas, mas são o “nosso mundo”. Marrakech, Istambul e a Índia foram os meus destinos “exóticos” até agora e foram tão diferentes, incríveis, realmente “um outro mundo”, uma outra forma de pensar, de viver e que, a par de conhecer atrações lindas, tem o poder de nos transformar, sem a gente querer e no início sem a gente perceber. Acho que foi esse o motivo preponderante de eu ter amado a Índia. Voltar com algo a mais, algo diferente, um olhar em formato panorama, que enxerga muito além do que o universo da nossa vida cotidiana permite e que acabamos nos acostumando.

Hoje, mais do que nunca, percebo que um destino novo, inexplorado e pelos nossos olhos ainda não visto nos traz experiências ainda mais fantásticas, para sempre na memória. Nunca tive passagens tão incríveis, tantas histórias para contar, como nas viagens de Istambul, Marrakech e agora da Índia. A cabeça vem cheia, um turbilhão de emoções e eu adorei essa sensação.

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Namastê  “o divino que habita em mim saúda o divino que habita em você”

Agora que o mundo se abriu pra mim fiquei viciada. São muitos os lugares que eu quero conhecer, muitas aventuras que quero vivenciar. Israel, Egito e China (torcendo para o Coronavírus passar logo) estão na minha cabeça há algum tempo. Claro que ainda tenho muito o que explorar na Europa, principalmente a sua parte oriental como Polônia, Romênia e Ucrânia. Destinos de praia como Croácia e ainda algumas ilhas gregas como Milos, Naxos e Zakynthos, enfim, a lista de desejos é imensa. Espero conseguir, então mundo me aguarde que aí vou eu!

 

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