O último post do blog foi em março. Não acredito que fiquei tanto tempo sem escrever. Nos últimos meses, bem difíceis com tudo o que está acontecendo por causa da pandemia do Covid 19, não tive ânimo para postar sobre o assunto tema deste blog e que eu tanto amo – VIAGENS.
Tinha uma viagem marcada para a Riviera Francesa e Suíça em junho que foi cancelada e está complicado achar uma data para remarcar a passagem, já que as fronteiras da maior parte do mundo continuam fechadas para nós brasileiros. Este fato me entristeceu muito.
Para enfrentar a quarentena e tentar me animar resolvi então viajar pelas minhas mesas.

Uma outra paixão que tenho é tableware. Adoro receber amigos, caprichar na montagem das mesas, amo tudo que se relaciona a este universo: louças, copos, talheres, toalhas, guardanapos e flores. Com a primeira ideia (jantar português), vieram em avalanche vários outros países na cabeça. Anotei tudo em um caderno e praticamente todo fim de semana, aos sábados, montei um jantar inspirado em um país para lembrar (onde já estive) ou para sonhar (pretendo ir).
Assim, surgiu a série JANTARES TEMÁTICOS que a cada novo episódio foi se aperfeiçoando e virou sucesso de público (hehehe), com a “companhia” dos amigos virtuais do Instagram, já que em virtude do isolamento social os jantares eram só para o marido e eu. Algumas pessoas perguntavam: Nossa, mas tudo isso só para vc e o seu marido? Sim!!!!! Cada um inventa a sua maneira de enfrentar a quarentena, a minha foi essa. Cada vez mais elaborados, cada vez mais “trabalhosos” a preparação me ocupava durante todo o fim de semana.

O fato dos restaurantes estarem fechados para o público por um período também foi preponderante, já que assim podia divulgar o serviço de delivery.
Não vou seguir a sequencia cronológica dos jantares, só queria deixar registrado aqui o quanto viajar e conhecer o mundo me inspira, até quando não é possível fazê-lo.
Como o último post do blog foi sobre a Índia resolvi começar com o jantar que homenageou este país incrível que eu amei conhecer. Experiência que ficará para sempre na memória.

Compartilho com o marido o interesse pela decoração. Gostamos de garimpar objetos pelo mundo e nestes quase 25 anos juntos adquirimos algumas peças que fazem parte da nossa história. Outras já eram dele, porque ele desde solteiro sempre gostou do assunto. Então todas as peças usadas nos jantares são nossas, a maioria adquiridas há muito tempo.
Este boneco indiano da foto acima, infelizmente não possui a marca do artista que o produziu, compramos na nossa cidade Florianópolis, em uma loja de produtos asiáticos que não existe mais a Artshop Center que ficava na praia de Jurere Internacional, de uma grande amiga, que hoje mora em Miami.
A vaca, animal sagrado para os indianos, os dois objetos de bronze na foto acima compramos em Paris. O leque com penas de pavão (fake) é de Jaipur.

Escolhi montar a mesa em tons de dourado e vermelho porque essa combinação é bem comum na Índia dos Marajás. O jogo americano e guardanapos são da Jacquard Français comprados em Paris. A louça é a coleção Ouro da Tânia Bulhões e as taças da Strauss, sendo a vermelha da coleção Overlay. Os arranjos de flores são da loja Oficina da Terra do Shopping Beiramar.

Como porta guardanapos resolvi usar pulseiras que comprei em Udaipur. A seda pintada a mão que ainda não enquadrei são de Udaipur da Vintage Arts & Crafts – Kohinoor Designers. A Ganesha em primeiro plano é da loja Oficina da Terra. No placement o “nome indiano” do marido.
Os castiçais são de prata, inglês, do século XIX, presente de casamento de um saudoso amigo do meu marido que foi nosso padrinho.
Mais uns objetos que achei que podiam compor a mesa como romã na cor laranja comprada em Istambul, prato tipo cinzeiro com estampa de elefante, um cavalinho de madeira de Paris, porta velas com estampa de elefante do Mercado Astral loja de flores de Florianópolis, porta incenso indiano da Artshop Center, porta velas de vidro vermelho. Jarra de prata presente de casamento. Porta vela com tampa, frisos dourados e tassel, um preto e um branco da Camicado. O centro de mesa em prata da Loja Roka Ideias e Objetos. Molheira em prata.
Bebemos ótimos vinhos tintos na Índia, só que não encontrei para comprar em nenhuma loja ou site, então foi vinho tinto italiano mesmo e sempre uso um porta vinho de prata da Theodora Home.

Os talheres são de prata WMF, aproximadamente ano 1910, aquisição de solteiro do marido em um antiquário e possui as iniciais H.S. do antigo proprietário. As lâminas são de aço, pois naquela época não existia o aço inoxidável, que foi descoberto logo depois. Assim que são usados preciso lavar porque o ácido dos alimentos as corroem com facilidade. E no bowl resolvi fazer uma brincadeira para lembrar que na Índia a comida era pimenta pura!

Na foto acima, em primeiro plano um cachimbo de Ópio. Na Índia fiz foto com um homem e seu cachimbo no forte de Jaipur. Um elefante de osso que o marido comprou em um parador na estrada para Ranakpur e caixinha de um anel que ganhei do Hotel Umaid Bhawam Palace de Jodhpur. O mini elefante é da Rússia.
Abaixo em outra composição para mostrar um outro cachimbo com cabeça de elefante e corpo em alpaca também com mais de 30 anos. Ganesha preta de Udaipur, cidade que consegui fazer compras com um pouco mais de facilidade na Índia, atividade lá que considerei irritante.

Para o menu achei melhor contratar um profissional. Falei com o amigo e Chef Narbal Correa, pescador e proprietário dos restaurantes O Rei do Mar Bistro, Rancho do Bom Pescador e Do Mar Fish and Grill. Durante uma semana conversamos por telefone para combinar sobre os pratos.
Só não podia imaginar o tão perfeito e completo que seria o cardápio.
A entrada THALI – fatias de pão Naan com cinco pastas: chutney de manga (a melhor da vida), ervilhas, lentilha negra em gravy de tomate, creme de iogurte e vinagrete de camarão


O Chef Narbal recomendou que a entrada era para comer com a mão direita.

Prato principal FRANGO MASALA – Arroz com legumes, frango em molho de tomate decorado com lâminas de côco, castanhas de caju e coentro.

Não resisti e coloquei um pouco do chutney de manga para acompanhar porque estava muito bom!

Sobremesa: ARROZ NEGRO DO ORIENTE, um arroz doce com creme simplesmente incrível!

O jantar foi uma verdadeira experiência de sabor e aromas. Tempero picante na medida certa. Quem dera eu tivesse comido bem assim na Índia! Viagem que no quesito gastronômico foi um pesadelo!
Para finalizar, montei em um garden seat de alpaca a mesa de chá. Coloquei um sousplat como bandeja. O bule de prata inglês Harry Winston 1872, compramos em um antiquário no Camden Market em Londres e as xícaras na feira de antiguidades do Masp em São Paulo.


O meu look é um Sári que comprei em Délhi e passei o maior trabalho para vestir sozinha. Se trata de um pano de 6 metros de comprimento que é enrolado na cintura e uma parte joga por cima do ombro fazendo um drapeado. Tinham muitos tipos de sári para comprar, a maioria em tecido fino, acredito que mais fáceis de usar. Mas, na minha predileção pelo complicado, escolhi esse de tecido bem armado. Brincos e pulseiras de Jodhpur, na loja do Forte Mehrangarh.
O elefante de madeira no chão também da Artshop Center e o pano no sofá se trata do turbante que o marido ganhou no Hotel Umaid Bhawan Palace de Jodhpur, que desmontou e para nós é impossível fazer igual de novo!
Queria muito postar o vídeo da mesa, mas não sei o que está acontecendo com o meu celular que não está compatível para publicar. Quando descobrir faço a edição aqui 😉
O marido não quis se vestir de indiano, uma pena porque um amigo emprestou uma roupa linda, então para fechar essa noite muito especial, com trilha sonora toda indiana claro, posto a foto que eu mais amei. Com as minhas pequenas que fazem a minha quarentena feliz.

Bindi – marca na testa (fiz com blush) simboliza a força feminina e usado como proteção. Namastê!
Jantar NAMASTÊ realizado em 30 de maio de 2020.
Minha amiga, adorei revisitar esse jantar que achei incrível! Foi também muito bom saber mais curiosidades sobre as peças adquiridas, marca das louças, etc.
Aguardo os próximos posts!
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Amigo querido muito obrigada, agora consegui publicar o vídeo da mesa, mas no meu computador fica travando, vc pode olhar de novo para ver se deu certo?
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Não gosto da Índia e, não está nos meus planos, mas admiro sua força, sua vontade, em buscar
energia para, lurante o período difícil que passamos, ser tao criativa. Parabéns, isso ajuda a viver.
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Obrigada amigo! Tentando sobreviver física e mentalmente, não está fácil. Abraços!
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